
O Hospital Amaral Carvalho (HAC) de Jaú (47 quilômetros de Bauru) oferece gratuitamente próteses bucomaxilofaciais para os pacientes que passaram por mutilação na região da face por conta do tratamento oncológico, sobretudo de tumores nas regiões da cabeça e pescoço. O projeto, desenvolvido desde 2021, já beneficiou mais de 200 pacientes, contribuindo com melhora da autoestima e reabilitação e também dando segurança para tarefas simples do dia a dia, como comer, falar e sorrir.
Batizado de Projeto Faces, ele é desenvolvido em parceria com a Fundação Rotária e a empresa de soluções tecnológicas Trion 3D, de Brasília-DF, sob a coordenação do Departamento de Próteses Bucomaxilofaciais do hospital. Os moldes são impressos com tecnologia 3D, agilizando o processo de confecção e a finalização da prótese.
Um dos pacientes beneficiados foi Abílio Cardoso Pereira, morador de Santa Cruz do Rio Pardo. Ele descobriu um câncer de pele na orelha, iniciou o tratamento no ano passado e passou por uma cirurgia oncológica. Após vencer a doença, tinha um novo desafio: devido ao comprometimento da área, precisou retirar parte da orelha.
"A mutilação é também um processo difícil do tratamento. A falta de uma parte, principalmente do rosto, mexe com a autoestima dos pacientes e prejudica a reinserção às atividades cotidianas, ao convívio social", explica o cirurgião dentista do HAC Cassiano Alves Ferreira Neto. "Com a confecção em 3D, conseguimos reduzir o número de viagens do paciente até o hospital para produção e testes com a prótese".
Antes da tecnologia, as peças eram feitas manualmente pelo profissional, e o processo entre a retirada do molde e a entrega final da prótese poderia durar até oito consultas. "Durante esse período, muitas vezes esses pacientes se excluíam de eventos sociais, o que é muito penoso. Agora, com os moldes 3D, em até três consultas, conseguimos fazer a entrega da prótese", ressalta o cirurgião dentista.
Ao ver a prótese colocada e pintada no tom de sua pele, Abílio esboçou um sorriso de satisfação, contou a filha Jociamare Cristiane Nunes Pereira Pires. "É muita felicidade ver meu pai com a orelha dele novamente. Isso mostra o comprometimento do hospital com o todo, com o social, e isso também faz parte do tratamento", afirma.