Em toda Semana Santa ressurgem as "teorias conspiratórias" sobre a vida de Jesus Cristo e, em especial, sobre a possibilidade de ele ter sido casado.
Os Manuscritos do Mar Morto e fragmentos de evangelhos apócrifos levantam indícios de que Jesus foi casado com Maria Madalena com quem teria tido dois filhos: Sara e Tiago. Nos evangelhos do Novo Testamento, Maria Madalena é apresentada como uma mulher a quem Jesus curou da possessão do demônio. Mateus, Marcos, Lucas e João a apresentam como uma seguidora de Jesus, testemunha da sua crucificação, e três dias depois a primeira a vê-lo vivo na Ressurreição. Diz um pesquisador em documentário do Discovery Channel, que Maria Madalena nunca foi chamada de prostituta pelos apóstolos. Essa ideia se originou no século VI, quando o Papa Gregório I assim identificou a mulher que lavou os pés de Jesus com seus cabelos.
As teorias conspiratórias inspiraram o escritor inglês Dan Brown, em "Código Da Vinci". Ajudaram a vender trinta milhões de exemplares do livro e a transformar sua obra em filme de sucesso. Maria Madalena teria fugido para a França, com a filha Sara, enquanto Tiago foi para a Escócia com José de Arimatéia, o homem que colheu em um cálice o sangue de Jesus crucificado. Seria essa a razão de existirem na França tantas igrejas em homenagem a Maria Madalena.
A Bíblia está cheia de histórias envolvendo o supremo sacrifício do Filho de Deus. No Evangelho de São Lucas está escrito que Herodes e Poncio Pilatos eram inimigos. Para complicar o adversário, Pilatos enviou Jesus ao tetrarca da Galileia, para que dissesse o que fazer com aquele a quem chamavam de "rei". Nem César atrevia-se a denominar-se com tal título. Para ironizar, Jesus foi encaminhado com uma túnica vermelha, veste dos reis, e uma coroa de espinhos. "A César o que é de César" - disse o acusado. "Meu reino não é deste mundo". Herodes Antipas aceitou a explicação. Pesava na sua consciência ter deixado que decapitassem João Batista, e o espetáculo de horror proporcionado por Salomé que dançou com a cabeça do inocente em uma bandeja.
Devolvido ao remetente por Herodes, Pilatos lavou as mãos como a se eximir de responsabilidade. "Fazer como Pilatos", significa há muitos séculos não ter nada com o peixe, ou com o bacalhau. Hoje, "ir de Herodes a Pilatos" é ficar indeciso frente a um problema e empurrá-lo a um e outro como se não fosse o responsável original. A decisão ficou para a turba que preferiu soltar Barrabás e crucificar o Nazareno.
Agora, "quem pariu Mateus que o embale", como responde hoje quem não quer aborrecimentos com problemas por ele não criados. A expressão também é antiquíssima. Mateus, apostolo e evangelista, era arrecadador de impostos, antes de ser chamado por Jesus. Quando ele aparecia em alguma cidade da Galileia, os comerciantes sabiam que vinha chumbo grosso. Os inadimplentes eram obrigados a cortejar o fiscal antes mesmo que apeasse do jumento, já que por causa daqueles devedores de César é que a viagem de inspeção se realizava. Mateus sozinho, valia por uma dessas operações da Polícia Federal, de hoje. Só que efetuada em lombo de burro. Os devedores de impostos que fossem se entender com o homem.
Outro canal de tevê dedica-se a exibir documentários sobre um tal Evangelho de Judas, registrado em escrita copta. Depois de quase dois mil anos sendo malhado, Judas corre o risco de ser reabilitado. Acusado de ter inventado a "delação premiada", os documentos descobertos provam que que ele nada tinha de traidor.
O escritor israelense Amos Oz, em seu livro "Judas", diz que o acusado de traição agiu a pedido do próprio Jesus. O que seria de Jesus se não fosse crucificado? Não teria ressuscitado e subido ao céu para salvar a humanidade.
Aos olhos dos poderosos e dos humildes, nas vésperas da Páscoa Jesus venceu a morte e lá de cima olha por nós, dando-nos o pão de cada dia, e se esforçando para que a gente não caia em tentação.