
Em um procedimento inovador realizado no Rio de Janeiro, médicos removeram o útero de uma gestante para operar um bebê que ainda não nasceu. A cirurgia, mostrada em reportagem do programa Fantástico neste domingo (13), foi feita no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, em parceria com a Maternidade Escola da UFRJ.
A paciente, Tainá de Andrade, operadora de caixa, recebeu durante a gravidez o diagnóstico de que seu filho, Nathan, tinha a Síndrome de Chiari tipo 2 — uma condição rara em que parte do cerebelo se desloca para o canal vertebral. A síndrome está associada à mielomeningocele, malformação provocada pelo fechamento incompleto do tubo neural nas primeiras semanas da gestação.
Para tentar reverter o quadro, os médicos realizaram uma cirurgia delicada. Após abrir o abdômen da mãe e expor o útero, criaram um acesso de apenas 3,5 centímetros para que neurocirurgiões pudessem operar diretamente o feto. A equipe reconstruiu cuidadosamente a membrana, músculo e pele do bebê, protegendo a medula espinhal.
A correção permitiu que o líquido do canal vertebral se mantivesse em posição, o que ajuda a empurrar o cerebelo de volta ao local correto. Segundo a neurocirurgiã pediátrica Maria Anna Brandão, isso pode melhorar a função motora, cognitiva e, consequentemente, a qualidade de vida da criança.