
A defesa do médico Milton Seigi Hayashi se pronunciou nesta quarta-feira (9) após a ampla repercussão da homenagem concedida a ele no último dia 27 de março, na sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Durante a cerimônia, organizada pela Associação Brasileira das Forças de Paz (ABFIP), Hayashi foi condecorado com o Colar Oficial da Paz, honraria destinada a profissionais com contribuições relevantes à sociedade. A indicação teria partido do departamento de Saúde da entidade, com base em documentos apresentados pelo próprio médico.
A homenagem, no entanto, gerou forte indignação nas redes sociais e na opinião pública, principalmente após a divulgação do evento pelo próprio homenageado. Internautas questionaram como um profissional condenado por estupro de vulnerável pôde receber tal reconhecimento.
Condenação por estupro de vulnerável
A revolta se intensificou diante do histórico judicial de Hayashi. Em junho de 2024, a 1ª Vara Criminal de Birigui (SP) o condenou a 16 anos e 4 meses de prisão pelo crime de estupro de vulnerável. O médico foi denunciado sob a acusação de ter passado as mãos no corpo de uma criança de 9 anos, sobrinha de sua esposa, configurando crime sexual contra menor de idade. Apesar da condenação em primeira instância, a defesa recorre da decisão e o caso segue tramitando na Justiça.
ABFIP abre investigação interna
Diante da repercussão negativa, a ABFIP divulgou nota oficial informando que instaurou um procedimento interno para apurar as circunstâncias da concessão da homenagem. A entidade afirmou que a indicação foi baseada em documentos e referências apresentadas pelo próprio Hayashi. Caso seja confirmado que o médico é condenado por crime sexual, a honraria poderá ser revogada.
Posicionamento da ALESP
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo esclareceu que não possui responsabilidade direta sobre a premiação, ressaltando que apenas cedeu o espaço para a realização do evento, a pedido da ABFIP.
Justiça impõe restrição para evitar eventual fuga
O caso teve novos desdobramentos após o Ministério Público de São Paulo apresentar uma representação judicial solicitando a proibição de saída do país por parte de Hayashi. O pedido foi fundamentado em informações de que, durante a cerimônia na Alesp, teria circulado a notícia de que o médico estaria planejando uma viagem ao Japão, onde também seria homenageado. Para o MP, essa viagem poderia indicar uma tentativa de fuga, considerando a condenação criminal.
A Justiça de Birigui acolheu o pedido e determinou a apreensão do passaporte do médico, comunicando a decisão à Polícia Federal, que deverá ratificar a restrição de saída do país.
Defesa nega tentativa de fuga e critica divulgação do caso
Em nota, a defesa de Milton Seigi Hayashi, representada pelo advogado Dr. Elber Carvalho de Souza, classificou como "inverídicas" as alegações de que o médico teria a intenção de fugir do país. Os advogados afirmam que ele jamais cogitou evadir-se e que seu objetivo é provar sua inocência dentro do processo legal.
A defesa também criticou a ampla divulgação do caso, alegando que o processo tramita sob segredo de justiça e que informações sigilosas foram expostas indevidamente. Por fim, os advogados reforçaram que a condenação ainda não transitou em julgado, ou seja, ainda há recursos pendentes em instâncias superiores que poderão reavaliar a sentença. O caso segue em análise pelo Judiciário.