
Centenas de entregadores de aplicativo estiveram nas ruas entre a segunda (31) e terça-feira (1) em pelo menos 59 cidades ao redor do Brasil exigindo melhorias nas condições de trabalho e aumento na remuneração. Em Bauru, porém, a paralisação conhecida como "Breque dos Apps" não vingou como esperado. O movimento teve baixa ou zero adesão no município, mesmo com trabalhadores compartilhando das demandas nacionais.
Victor Monteiro, 28 anos, afirma ter tentado movimentar os motoboys para aderirem ao "Breque dos Apps" junto a colegas, mas não teve sucesso. Ele acredita que a falta de união e integração, além da falta de sindicato para representar a classe, ajudam a explicar a baixa adesão à paralisação.
"A gente trabalha arduamente de dia e noite, faça chuva ou faça sol, mas para alguns [entregadores] interessa muito mais tirar um rendimento a mais em um dia do que lutar junto por melhorias para todos", explica.
Guilherme Varela, 24 anos, tem o mesmo ponto de vista. "Em Bauru não tem união. Metade faz greve, metade trabalha. Uns veem a greve como oportunidade para tirar vantagem", complementa. Essa vantagem ocorre porque, com menor disponibilidade de motociclistas, mais corridas ficam a disposição, o que aumenta o lucro.
Já Rodrigo Silva Costa, 32 anos, acredita que não há escapatória para algumas das questões impostas pela profissão. "Tem que sair de casa para tirar o sustento. Não adianta reclamar, brigar. Tem que vir, fazer o seu e já era". Ele destaca, porém, a pressão que o sistema dos aplicativos coloca sob os motoqueiros e os obriga a se arriscar em altas velocidades. "A gente acaba correndo, mas não é em vão. No dia que tá tocando o aplicativo a gente tá correndo para fazer dinheiro. Se a gente perde tempo no horário de almoço, por exemplo, nós perdemos dinheiro", explica.
DEMANDAS
As quatro pautas centrais da greve nacional são: definição de uma taxa mínima de R$ 10,00 por corrida e aumento da remuneração por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50, além da limitação da atuação das bicicletas para um raio máximo de três quilômetros. Os trabalhadores também exigiam o pagamento integral de cada um dos pedidos, nos casos em que diversas entregas são agrupadas em uma mesma rota.
Uma das demandas dos entregadores é um ponto de descanso (Foto: Guilherme Matos/JC)
Em Bauru, o grupo de entregadores ouvidos pelo JC tem demandas semelhantes. No entanto, para eles, um aumento da taxa mínima de R$ 6,50 (em um dos aplicativos) a R$ 8,00 já ajudaria bastante na renda das famílias. Atualmente, relatam motoqueiros, eles precisam trabalhar até 12h para lucrar R$ 150,00.
Outro pedido seria um ponto de descanso, com água, sombra, e carregadores. O grupo, aliás, cita o exemplo de Sorocaba, onde a Prefeitura Municipal se encarregou de criar esse espaço incluindo, ainda, itens como banheiros, microondas e área de descanso e refeição.
Vinicius Bruno Rosa, 29 anos, destaca a importância do repasse do valor integral de todas, sejam elas agrupadas ou não — uma das demandas nacionais.
Ele ressalta a necessidade de aumentar o valor do quilômetro e das taxas, para acompanhar o mercado de peças e de reparos nas motocicletas.