ENDOSCOPIA

Bauru: fila cresce e tempo de espera por exames chega a 523 anos

Por Tisa Moraes | da Redação
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Divulgação
Presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Júnior Rodrigues criticou a alta da demanda na sessão alegislativa da última segunda-feira (24)
Presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Júnior Rodrigues criticou a alta da demanda na sessão alegislativa da última segunda-feira (24)

Em Bauru, 73.826 moradores que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) aguardam na fila de espera por exames e, considerando o número de vagas disponibilizadas, alguns deles teriam de esperar, se assim fosse possível, por até 523 anos para ter acesso ao atendimento. O volume deficitário de procedimentos diagnósticos, inclusive, fez com que a demanda represada crescesse 25% no intervalo de apenas um ano, já que, em fevereiro de 2024, havia 59.091 pessoas na fila.

A demora também afeta os usuários da rede pública que precisam de consultas especializadas. Em 12 meses, a fila de espera aumentou de 48.084 para 51.387 pacientes, um acréscimo de 7%. Os dados constam no Cadastro de Demanda por Recursos de Saúde (CDR) e foram alvo de críticas do vereador Júnior Rodrigues durante sessão legislativa da última segunda-feira (24).

Disponibilizada no site da prefeitura, a planilha engloba a demanda por consultas e exames em especialidades médicas, odontológicas e multiprofissionais, além de evidenciar o número insuficiente de vagas oferecidas pelas redes municipal e estadual e o tempo em que os pacientes, em média, poderão aguardar para ter acesso aos serviços.

Segundo a tabela, atualizada em fevereiro de 2025, 6.282 pessoas aguardam na fila por endoscopia na rede pública, enquanto apenas uma, em média, é chamada para realizar o procedimento a cada mês. Isso significa que o tempo de espera, se fosse possível, chegaria a 523 anos.

Já a fila por exame de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa), que afere a pressão ao longo de 24 horas, é de 83 anos, já que são duas vagas mensais para um contingente de 2.004 pacientes. Ainda de acordo com a tabela, há 44.451 usuários aguardando ultrassom (geral, de mamas, pélvico, obstétrico, transvaginal, entre outros), sendo que, no mês, são ofertadas 834 vagas, ou seja, nem 2% da necessidade da cidade.

'INADMISSÍVEL'

O cenário não é diferente quanto às consultas especializadas. Com média de uma vaga disponibilizada ao mês, a espera por atendimento com um neurologista pediátrico chega a 96 anos para 1.155 crianças na fila — muito mais do que a média da expectativa de vida futura destes pacientes.

"É uma vergonha, é inadmissível. O Departamento Regional de Saúde (DRS) está sendo omisso. Muita gente só vai receber alguma atenção quando o quadro se agravar e entrar pela urgência, em uma UPA ou no Pronto-Socorro, e aí vem mais uma fila porque também falta leito de internação", pontua Júnior Rodrigues, que preside a Comissão de Saúde da Câmara.

O vereador cobrou providências do DRS, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP), responsável pelos hospitais de Base e Estadual e da Clínicas e do Ambulatório Médico de Especialidades, os dois primeiros sob gestão da Famesp e o terceiro, da Faerp. O parlamentar também antecipou que levará a situação à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa.

Estado admite problema, mas diz que fila pode estar desatualizada

Em nota, o DRS informou que acompanha de perto a situação de Bauru e realiza periodicamente reuniões com representantes da Prefeitura para melhorar o gerenciamento da fila de espera por consultas e exames. Acrescentou manter discussões sobre o alto índice de faltas e a organização da fila de procedimentos na cidade, que resultam em uma lista de pacientes ausentes e com cadastros desatualizados, comprometendo a eficiência de oferta de vagas à população.

Também pontuou que ampliou a oferta de vagas para consultas no município em especialidades como cardiologia pediátrica, gastroenterologia pediátrica e dermatologia. "Em 2024, por meio do programa estadual Tabela SUS Paulista, a SES-SP repassou cerca de R$ 258 milhões para 41 instituições conveniadas ao SUS na área de abrangência do DRS de Bauru. Já no município, cerca de R$ 739 mil foram destinados a cinco instituições", completou.

Já a Prefeitura de Bauru destacou manter diálogo permanente com o Estado para a ampliação da oferta de exames e cirurgias e reforçou que há previsão para a ampliação de vagas neste ano, com plano de trabalho entre Estado e prestadores de serviço, principalmente nas especialidades com maiores fila de espera. "A Secretaria Municipal de Saúde está aumentando a quantidade de exames com a utilização de verbas de emendas parlamentares e cadastrou no Ministério da Saúde um projeto para uma Policlínica no novo PAC Saúde para aumentar a oferta de consultas especializadas no município", concluiu.

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