O homem que quebrou o tornozelo direito e rompeu dois ligamentos após resgatar e evitar o afogamento de um garoto de 12 anos durante a chuva registrada em Bauru no último sábado (15), em Bauru, aguarda há quase dois dias por vaga hospitalar para passar por cirurgia. Até o início da noite desta segunda-feira (17), Wanderson Francisco Melo Figueiredo, 46 anos, permanecia no Pronto-Socorro Central (PSC) com o pé imobilizado e locomovendo-se com o uso de muletas.
Segundo a esposa, Amile Karoline do Prado, 41 anos, o marido – que deu entrada na unidade às 21h de sábado - está medicado e não sente dores, mas não pode apoiar o pé no chão. “Ele só está um pouco preocupado, porque não deram previsão de quando a vaga vai sair e, depois da cirurgia, ainda vai levar um bom tempo para toda a recuperação”, pontua.
Conforme o JC divulgou, Wanderson enfrentou a enxurrada da avenida Nações Unidas para ajudar uma família que ficou ilhada durante o temporal. Motorista do transporte coletivo urbano, ele foi fundamental para o resgate de Luís Felipe, 12 anos, que agarrou-se no para-choque do Ômega do avô, Edivaldo Foizer, 64 anos, e ficou apenas com a cabeça para fora da correnteza, engolindo muita água até a chegada do socorro.
O tio, Rodrigo da Silva, 25 anos, e a tia grávida, Giovana, 22 anos, também o seguravam para que ele não fosse levado pela correnteza. Os filhos do casal, de 7 anos e 1 ano e seis meses, estavam a poucos metros de distância do local sob os cuidados do avô Edivaldo. A cena de desespero tocou Wanderson e Amile, que estavam em um mercado próximo. “Eu falei para meu marido que tinha criança. Ele foi. É o jeito dele, sempre foi assim”, comenta ela.
No caminho até a família ilhada, o motorista foi levado pela força da água e machucou o pé. Ainda assim, conseguiu pegar uma corda que o tio do garoto tinha no porta-malas do carro e a amarrou na grade de uma locadora de veículos para que pudesse salvar o menino, já envolto pela mesma corda. “Quando cheguei perto do tio, ele me disse que já não tinha mais forças. Mas pedi para ele segurar um pouco mais”, relembra Wanderson, que mora no Núcleo Beija-Flor.
O motorista acrescenta que, inicialmente, não imaginou que pudesse correr grandes riscos ao entrar na enxurrada para ajudá-los porque a lâmina de água parecia pequena. “Acho que foi excesso de confiança. Mas, se eu não tivesse me arriscado, o menino poderia ter morrido. Ele também não aguentava mais segurar”, diz.
Luís Felipe foi resgatado com escoriações nas costas e na região da barriga, sem as vestes, levadas pela forte correnteza. As vítimas foram atendidas no PSC e na UPA Bela Vista.