
Filho único, Luís Felipe, 12 anos, viveu momentos de pânico na noite deste sábado (15), por conta do temporal que atingiu Bauru. Ele ficou com o corpo todo sob o carro da família, que ficou ilhado na avenida Nações Unidas, na altura do viaduto da Fepasa. Apenas com a cabeça de fora, engoliu muita água e sofreu escoriações nas costas e na região da barriga.
“Eu só pensava em segurá-lo, mais nada”, afirma o tio dele Rodrigo da Silva, 25 anos. Junto com a esposa Giovana, 22 anos, grávida de três meses, ele usou toda a força que tinha para manter o garoto preso, sem que fosse levado pela correnteza.
O casal, junto com os filhos Henry de 1 ano e seis meses e Heitor de 7 anos, estava com o sobrinho em um Ômega preto, conduzido por Edivaldo Foizer, 64 anos, avô das crianças e pai de Rodrigo. A família tinha ido ao mercado comprar fraldas, quando houve a chuva forte. Na saída, pegaram a avenida Nações Unidas.
“Não dava para dar ré porque tinha outro carro atrás. Como a lâmina de água parecia baixa, achei que dava”, contou Edivaldo, ainda muito emocionado com o que viveu daquele momento em diante.
O carro logo afogou e, quando estavam no sentido Centro, foi levado pela força das águas e bateu em uma primeira árvore. Depois, em uma segunda. “Eu e meu filho decidimos descer do carro e pedimos para que eles ficassem, mas todo mundo se desesperou e saiu”, relembra o avô.
Rodrigo, então, deixou as duas crianças com o pai e pediu que os três ficassem próximo a uma locadora de veículos, onde parecia mais seguro. “A correnteza estava muito forte. Eu cheguei a cair com eles, mas ninguém engoliu água. Precisei fazer Raio X da perna, ainda estou com muita dor”, comenta o idoso, que mora em Pederneiras com o neto mais velho.
Já Luís Felipe se agarrou ao para-choque do carro. Para que não fosse empurrado completamente para baixo do Ômega, Rodrigo e Giovanna, moradores o Parque Jaraguá, o seguravam. Ele engoliu muita água, pois ficou só com a cabeça para fora. Quando as forças de Rodrigo estavam se esvaindo, o motorista Wanderson Francisco Melo Figueiredo, 46 anos, chegou para ajudá-los. Pegou uma corda que Rodrigo tinha no porta-malas, amarrou na grade da locadora de veículos, enquanto Rodrigo amarrava o sobrinho. O garoto, então, foi puxado e salvo sem as vestes, que foram levadas pela correnteza.
“Meu neto já estava com hipotermia. Ele foi um anjo”, comenta o avô sobre o motorista, que quebrou o tornozelo no resgate. Por sua vez, Rodrigo tem certeza que a família passou por um livramento. Depois, o Corpo de Bombeiros conduziu Wanderson e Edivaldo para o Pronto-Socorro Central (PSC) e as crianças para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bela Vista.