SESSÃO TENSA

Câmara aprova título de Cidadão Bauruense a Jair Bolsonaro

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Pedro Romualdo/Câmara de Bauru
O vereador Borgo, autor da proposta
O vereador Borgo, autor da proposta

A Câmara de Bauru aprovou nesta quinta-feira (6), por 17 votos a 4, um projeto do vereador Eduardo Borgo (Novo) que concede o título de Cidadão Bauruense ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

Além do autor, foram favoráveis à proposta os vereadores Júnior Rodrigues (PSD), Pastor Bira (Podemos), Márcio Teixeira (PL), Marcelo Afonso (PSD), Mané Losila (MDB), Júlio César (PP), José Roberto Segalla (União Brasil), Cabo Helinho (PL), Edson Miguel (Republicanos), Emerson Construtor (Podemos), Júnior Lokadora (Podemos), Dario Dudario (PSD), Arnaldinho Ribeiro (Agir), Beto Móveis (Republicanos), Sandro Bussola (MDB) e André Maldonado (PSD).

Votaram contra, por sua vez, Natalino da Pousada (PDT), Miltinho Sardin (PSD), Markinho Souza (MDB), Estela Almagro (PT).

Com a galeria lotada por manifestantes – a maioria dos quais contrários à concessão da honraria –, a votação do texto acabou por nacionalizar a discussão política no ambiente legislativo municipal.

Autor da proposta, Borgo afirmou em discurso que “esta Casa já deu título ao comunista Aldo Rebelo, Geraldo Alckmin, Delfim Netto, Costa e Silva, Juscelino Kubitschek” e que “faz parte desta Casa homenagear autoridades”. Borgo disse também que Bolsonaro auxiliou Bauru na época da pandemia e destinou investimentos ao município.

O parlamentar exibiu vídeos resgatando casos de vandalismo em Brasília, como ocorreu no governo Temer, em 2017, quando manifestantes puseram fogo em ministérios durante protesto violento.

Mostrou, além disso, declarações dos ministros Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes favoráveis à operação Lava Jato, cujos processos foram em grande parte anulados ante a constatação de violação ao devido processo legal.

Já Estela Almagro, contrária à honraria, disse que “para mim, Bolsonaro é um protótipo de tudo o que não é bom. É machista, misógino, machista e assassino”. “Atacou os povos indígenas, quilombolas, as mulheres. Disse coisas absurdas porque queria palanque”, pontuou.

A petista também resgatou vídeos do ex-presidente onde ele se diz favorável à tortura e a uma guerra civil “começando pelo FHC [Fernando Henrique Cardoso]”. Também exibiu trecho no qual Bolsonaro diz que “gostar de homossexual ninguém gosta”.

“O título de Cidadão é um reconhecimento inequívoco que o Poder concede a alguém que tenha contribuição positiva para a cidade. Nós não precisávamos estar passando por isso”, acrescentou.

Não é usual que projetos nesse sentido se tornem palco de grande discussão. Quando envolvem políticos, porém, a discussão costuma se acirrar.

Na sessão desta segunda, lideranças de partidos à esquerda, como PSOL ou PSTU, compareceram à galeria da Câmara para protestar contra o projeto.

O presidente da Casa, Markinho Souza (MDB), chegou a alertar os presentes sobre a vedação a manifestações barulhentas – o protesto, segundo o regimento, deve ser silencioso, com faixas ou cartazes, por exemplo.

A advertência, contudo, não surtiu tanto efeito, e críticas à aprovação da matéria ocorreram aos montes durante a reunião legislativa.

Esta foi a segunda iniciativa de Borgo em busca de dar a Bolsonaro o título de Cidadão Bauruense. A primeira ocorreu em 2021, quando a concessão da honraria acabou rejeitada pelo plenário.

Na época, sete dos 17 então vereadores foram favoráveis à medida: Junior Rodrigues (PSD), Pastor Bira (Podemos), Serginho Brum (PDT), Marcelo Afonso (Patriota), Eduardo Borgo (PSL), José Roberto Segalla (DEM) e Pastor Edson Miguel (Republicanos).

Já os vereadores Markinho Souza (PSDB), Mané Losila (MDB), Luiz Carlos Bastazini (PTB), Julio Cesar (PP), Guilherme Berriel (MDB), Estela Almagro (PT), Junior Lokadora (PP), Chiara Ranieri (DEM) e Beto Móveis (Cidadania) foram contrários à aprovação da matéria naquela ocasião.

A maioria dos parlamentares justificou na época que a proposta contraria a Lei Orgânica, segundo a qual o título deve ser uma homenagem a pessoas que reconhecidamente tenham prestado serviços relevantes ao município, o que não teria ocorrido, segundo eles, no caso de Jair Bolsonaro.

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