O brilhante livro de memórias de Marcelo Rubens Paiva nos surpreende pela afetividade, delicadeza, sutileza e precisão de uma testemunha ocular.
Tudo que ocorreu com aquela família acontece, aconteceu e acontecerá em muitas outras mundo afora (menos a ditadura, por favor!).
Não estamos imunes de acidentes como o que o acometeu (mergulho em banco de areia, acidentes automotores também que levam à deficência física) e ao alzheimer, sempre estudado mas ainda um mistério. Com Eunice não foi diferente.
E me veio na memória as histórias de parentes que cuidaram e cuidam de pacientes com essa enfermidade. Dona Izaura, avó do Igor, prima Maria de Lins, tão bem assistida pela filha Vera e o apoio dos irmãos, a Filomena que partiu recentemente e agora a prima Olga.
Cuidadoras de noite e de dia.
A vida social acaba e a família mergulha nessa rotina de cuidar com dignidade e amenizar o triste apagamento da memória.
Antigamente falávamos que fulano estava esclerosado, ciclano ficou esquecido da memória, beltrano perdeu a razão.
A saúde mental, a lucidez é o maior prêmio que podemos receber com o avançar da idade, mas somos perecíveis.
Ninguém ficará para semente, mas que seja com muita dignidade e todos os recursos que a medicina oferece!
Mas nada disso foi mais terrível, cruel e assombroso que a prisão, tortura, morte e desaparecimento do corpo de Rubens Beyrodt Paiva.
Força e coragem a todos os familiares que cuidam de parentes com essa enfermidade.
A vida vale a pena! Vamos Sorrir!