O problema não é falta de comida. O planeta produz mais do que o suficiente para alimentar sua população. O problema é distribuição e, principalmente, falta de vontade política. Enquanto trilhões de dólares giram nas engrenagens dos mercados financeiros, apenas 3% do financiamento para o desenvolvimento global é destinado ao setor alimentar.
Se depender dos índices de crescimento econômico atuais — projetados para míseros 2,7% até 2026 —, a fome seguirá sendo a principal política alimentar de muitos países.
E quem mais sofre com essa negligência? Adivinhem: os mesmos de sempre. Na África Oriental, mais de 61 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar severa. No Ocidente e Centro do continente, são quase 50 milhões.
No Sudeste Asiático e na América Latina, os preços dos alimentos disparam, transformando produtos básicos em artigos de luxo para os mais pobres.
Quem depende de um saco de arroz para garantir a refeição da família tem que lidar com uma volatilidade absurda no preço, como se estivesse investindo em ações da bolsa de valores.
A ONU - Organização das Nações Unidas - já declarou preocupação com a inflação global, mas preocupação sem ação prática é apenas retórica diplomática.
Os governos dos países mais afetados deveriam estar liderando a busca por soluções estruturais, fortalecendo a produção local de alimentos, investindo em logística e subsídios para a população vulnerável.
Mas a realidade é outra: depende de importações caras, enfrentar crises políticas intermináveis e, em muitos casos, a corrupção drena os recursos que deveriam aliviar a fome.
Fome não é apenas falta de comida. É falta de política pública eficiente. Falta de coragem dos governantes para enfrentar interesses corporativos que lucram com a escassez.
Falta de vergonha na cara dos que sentam à mesa farta das reuniões internacionais e saem de lá com discursos pomposos, mas sem qualquer compromisso real com a solução do problema.
Enquanto isso, quem tem fome continua esperando. Mas fome não espera. Fome mata. E, até agora, a única coisa que os governos do Terceiro Mundo têm servido para seus cidadãos é um prato, vazio, E caro!