Absurda é a forma como a Secretaria da Cultura de Bauru trata o Carnaval, o samba (patrimônio da humanidade) e o sambista. Enquanto o esforço e a dedicação dos sambistas merecem nota 10, a prefeita e a Secretaria de Cultura recebem nota zero em respeito e organização. Que fique claro: parabéns aos servidores de carreira, que se desdobram para que o pouco que temos aconteça.
As vaias que ecoaram na escolha da nova corte foram dirigidas ao secretário de Cultura e não foram por acaso. Foram o reflexo de anos de descaso e desrespeito. Seis anos de interdição da nossa passarela do samba.
O evento (escolha da Realeza do Carnaval, no Mello Moraes) revelou o que já sentimos há tempos: o samba, o sambista e o Carnaval são tratados com escárnio. Péssima qualidade do som, acústica horrível, falta de sanitários, ausência de acessibilidade, nenhum conforto para quem prestigiava - sequer cadeiras para sentar.
E como se não bastasse, a escolha do local, distante e de difícil acesso, prejudicando a participação popular.
Quem depende de transporte público sabe: em fins de semana, a oferta é escassa. Muitos não puderam ir porque não tinham como pagar quatro passagens - duas para ir, duas para voltar. Só quem mora nas adjacências conseguiu ir a pé. Quem mora no centro, até se vira com um ônibus, mas e os outros?
Esse abandono escancara a falta que o sambódromo faz, não só na época do desfile, mas como espaço vivo e pulsante da cultura popular durante todo o ano.
A situação é grave e nos faz questionar: cadê a Liga? Qual o seu papel diante desse descaso? Quem liga para o samba e para o sambista?
Há um esforço genuíno por parte de alguns para que o Carnaval de Bauru volte a ser grandioso, mas a atual administração joga contra o tempo todo.
É desrespeito, é abandono, é exclusão. E isso precisa mudar.