A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) lançou um alerta epidemiológico sobre o aumento do risco de surtos de dengue nas Américas. A preocupação gira em torno da crescente circulação do sorotipo Denv-3, que vem sendo identificado em diversos países da região.
O problema, como de costume, não é novo. E a resposta das autoridades? A mesma de sempre: atrasada, burocrática e ineficaz.
Não faltam avisos, estudos, recomendações e números alarmantes. Só em 2024, as Américas registraram mais de 13 milhões de casos de dengue, com quase 8.200 mortes. O Brasil, para variar, lidera a estatística negativa, com impressionantes 87% dos casos.
Nada surpreendente para um país onde a saúde pública é tratada com improviso e onde ações preventivas ficam em segundo plano diante da politicagem e da falta de compromisso real com a população.
A dengue não é novidade. O Aedes aegypti circula por aqui há séculos, e o combate ao mosquito já deveria ser um protocolo altamente eficiente. Mas não é. A cada ano, assistimos a um festival de medidas paliativas, campanhas publicitárias vazias e promessas que não saem do papel. Enquanto isso, hospitais superlotam, crianças sofrem, vidas se perdem. Quem se responsabiliza? Ninguém.
A Opas recomenda que os governos fortaleçam a vigilância epidemiológica, aprimorem o diagnóstico precoce e garantam o manejo clínico adequado dos pacientes. Mas será que alguém está ouvindo?
O mesmo relatório alerta para a menor eficácia da vacina TAK-003 contra o Denv-3, o que deveria acender um sinal vermelho para estratégias mais agressivas de controle do vetor. No entanto, como sempre, só veremos reações após os surtos, quando a tragédia já estiver instalada.
Enquanto países como Singapura e Cuba demonstram que é possível controlar o Aedes aegypti com políticas públicas sérias e investimentos bem direcionados, o Brasil continua preso à sua velha rotina de promessas vazias e ações inócuas. O mosquito avança, e a população paga o preço da negligência.
O surto de dengue de 2024 não é apenas uma crise sanitária; é um retrato cruel da incapacidade do poder público em aprender com seus erros.
Sem uma mudança radical de postura, sem planejamento contínuo e investimentos reais, continuaremos contando mortos e assistindo a esse espetáculo deprimente de descaso e incompetência ano após ano.