A análise do desempenho econômico de qualquer pais é baseada nos principais indicadores macroeconômicos, a saber: Variação do PIB, Taxa de Desemprego, Inflação e o Resultado das Contas Públicas (receitas X despesas). Estes indicadores são calculados para cada ano/calendário, o que permite análise e comparação de uma série histórica.
Os números do Brasil para 2024 foram os seguintes: # Variação do PIB: dados parciais até setembro indicam crescimento de 3,1%. A previsão para o dado anualizado é de 3,5%, a maior taxa de crescimento do PIB dos últimos 12 anos.
# Taxa de Desemprego: a taxa média de 2024 foi de 6,6 %, a menor Taxa de Desemprego desde que a série histórica foi criada, em 2012. A população economicamente ativa atingiu o recorde de 103,8 milhões de trabalhadores.
# Inflação: o índice foi de 4,83%, ligeiramente acima do limite superior da meta, que é 4,5%. O índice de inflação de 2024 está próximo da média histórica, em torno de 4,5 %, dos últimos 5 anos, com exceção de 2021 que, devido à desorganização econômica provocada pela pandemia, a inflação aumentou no mundo todo.
# Resultado das Contas do Setor Público (União, Estados, Municípios, Estatais): o resultado foi negativo (déficit ) de R$ 44 bilhões , equivalente a 0,36 % do PIB. Este percentual é o segundo menor, portanto, o segundo melhor em se tratando de déficit nos últimos 10 anos. Se excluídas as despesas relacionadas às enchentes do Rio Grande do Sul, na ordem de R$ 33 bilhões, o "déficit ajustado" foi de R$ 11 bilhões, equivalente a 0,09% do PIB.
Os bons resultados dos indicadores macroeconômicos do Brasil em 2024 deveriam provocar uma reação positiva entre os analistas econômicos. Na prática, acontece o contrário e muitos destes analistas propagam um cenário catastrófico da economia brasileira.
No entanto, há exceções que merecem ser destacadas. Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, afirmou em entrevista concedida ao Estadão: "O PIB está crescendo, a renda está crescendo, o desemprego está baixo. O cenário não é de stress". Eduardo Gianetti , economista reconhecido pela qualidade de suas análises, afirmou. " A reação do mercado tem sido exagerada. Não estamos na beira de um precipício fiscal". Felipe Salto, ex-secretário da Fazenda do Estado de São Paulo disse: "Não se pode negar os resultados obtidos na redução do déficit fiscal na comparação entre 2024 e 2023". O déficit foi reduzido de R$ 231 bilhões para R$ 44 bilhões.
O Brasil tem apresentado déficit nas contas públicas desde 2014, com exceção de 2022, devido ao calote dos precatórios. Anteriormente a este período, entre 1995/2013, por 19 anos seguidos o Brasil teve superávit. A maior causa da piora das contas públicas do Brasil é o aumento das despesas previdenciárias (aposentadorias e o BPC, benefício pago a idosos carentes e pessoas portadoras de deficiência). Segundo Raul Veloso, especialista em contas públicas; nos últimos 35 anos as despesas previdenciárias aumentaram de 22,3% para 56,2% do total do orçamento da União. A raiz do problema é o envelhecimento da população.
No geral , os números dos indicadores econômicos mostram que o desempenho da economia brasileira em 2024 foi bom. Para muitos analistas, para muitos economistas que não "enxergam" esta realidade, a miopia é conveniente.
Afinal, eles passaram 2024 inteiro dizendo aos seus leitores, espectadores e seguidores que a situação da economia brasileira era frágil e preocupante.