COLUNISTA

Todo cristão batizado é chamado a ser pescador de almas


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O trecho evangélico da santa Missa deste domingo, Lc 5,1-11, conta uma história de pregação, pesca, vocação e missão quando Jesus estava na barca de Simão Pedro e realizou uma pesca milagrosa. Jesus chamou Simão e os companheiros a se fazerem pescadores de homens, e os enviou mar adentro para águas mais distantes e profundas à missão de evangelizar. Os vocacionados, deixando tudo, família, barcos e redes seguiram a Jesus. Certamente naquele dia o mar não estava para peixe, pois Simão, pescador experiente, relutou explicando que eles tinham passado a noite inteira pescando e nada pegaram. No entanto, ele respondeu a Jesus: "Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes". Não é que apanharam tanto peixe que as redes se rompiam? Foi necessário vir em socorro outra barca e as duas ficaram tão cheias de peixes a ponto de quase afundarem. Chamou atenção a reação de espanto, inclusive de Pedro que, atirando-se aos pés de Jesus, disse: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!" Jesus não se afastou e falou: "Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens". Junto com Simão seguiram a Jesus seu irmão André, bem como os seus sócios Tiago e João, filhos de Zebedeu. Eis aqui uma imagem simples mas rica da Igreja, um barco navegando no mar da vida. No entanto, um barco que tem tudo: o patrão, os pescadores, velas e redes. Eis a Igreja singrando mares cheios de peixes, criaturas de Deus, com o Espírito inflando suas velas, com Jesus por seu Vigário na terra como seu timoneiro, com os discípulos missionários ocupando seus devidos postos, segundo as variadas formas dos ministérios eclesiais. Qual a missão da Igreja? A sua missão é pescar homens e mulheres para Deus, ontem, hoje e sempre. O Concílio Vaticano II reafirmou que toda a Igreja é missionária por mandato divino, incumbindo-lhe o dever "de ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16,15). Ultimamente o Papa São João Paulo II, o Papa Bento XVI e o Papa Francisco nos têm falado da importância e urgência da atividade missionária da e na Igreja, enfatizando que os discípulos de Jesus e a missão devem ter as seguintes características:

- Discípulos missionários: Primeiramente os cristãos batizados devem ser seguidores, discípulos de Jesus Cristo encantados e apaixonados por Ele, para depois se tornarem missionários audazes e corajosos anunciadores do seu santo Evangelho. Somente a partir de Jesus Cristo é que tudo acontece, inclusive uma vida renovada no amor da Trindade pela força do Espírito Santo, fundamento que dará a todo discípulo a necessária firmeza no seguimento, o impulso e a perseverança na missão. Os discípulos de Emaús fizeram essa experiência maravilhosa com o Ressuscitado quando o encontraram no caminho e o ouviram explicando a Escritura. Ficaram fascinados por Ele e o reconheceram no partir do pão e se tornaram seus discípulos fiéis e apaixonados. No Evangelho de hoje sobressai o encontro de Simão com Jesus, uma experiência que transformou a sua vida. André, Tiago e João juntaram-se a Simão e os quatro deixaram tudo para seguirem a Jesus. Recentemente, o Papa Francisco vem dizendo que o nome de Deus é misericórdia e o que o mundo mais precisa hoje é de misericórdia, porque muitos são os feridos, os pobres, os marginalizados, doentes, atribulados, pecadores etc. Diante da multidão dos rostos feridos e dos olhos aflitos, que esperam misericórdia e compaixão, os discípulos missionários não podem virar a sua face nem desviar o seu olhar, mas agir como Jesus agiu que não julgou nem condenou nem perdeu ninguém, mas a todos curou e salvou.

- Igreja em estado permanente de missão: Significa que todo cristão batizado deve comprometer-se missionariamente "como tarefa diária", em "levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos". Toda comunidade de fé, a Igreja, precisa ir além de uma pastoral de manutenção e se abrir a uma autêntica conversão pastoral com novos lugares, novos horários, linguagem renovada e pastoral adequada às novas demandas do nosso povo. O Papa Francisco disse que nós os cristãos precisamos trazer em nós "o cheiro das ovelhas", para que nossa evangelização chegue ao coração e à mente de cada pessoa. Para o mundo dilacerado por tantos males e sofrimentos a missão da misericórdia é o que o Papa propõe e mais deseja que aconteça em toda a Igreja.

Que sejamos, portanto, em nossas Paróquias discípulos missionários em estado permanente de missão.

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