COLUNISTA

Festa da Apresentação do Senhor

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

A Liturgia celebra no dia 2 de fevereiro, quarenta dias depois do Natal, a festa da "Apresentação do Senhor" no Templo de Jerusalém em cumprimento à lei judaica. De acordo com essa lei, os pais deviam levar o filho primogênito a Jerusalém para ser consagrado ao Senhor Deus. Também a sua mãe, no quadragésimo dia do parto, segundo essa lei, se obrigava a submeter-se a um rito de purificação na mesma celebração. O Evangelho da santa Missa deste domingo, Lc 2, 22-40, nos recorda esse acontecimento. São Lucas conta que Maria e José ofereceram em sacrifício um par de rolas, porque eram pobres. Na ocasião atendia no Templo o velho Simeão, homem justo e piedoso, que viu naquele menino o cumprimento da profecia de que não morreria antes de ver o Messias do Senhor. Tomando o menino nos braços, rezou: "Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel". Simeão disse à mãe de Jesus: "Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel... Quanto a ti uma espada te transpassará a alma". A profetisa Ana, viúva de 84 anos, também estava presente e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem o que a lei de Moisés ordenava, José e Maria voltaram para casa e "o menino crescia forte, cheio de sabedoria e a graça de Deus estava com Ele". Apresentar no Templo tinha o sentido de oferecer a Deus. Lembrando os primogênitos do Egito que foram poupados, diferentemente Jesus não o será, mas será oferecido em resgate da humanidade para libertá-la do poder da morte. É uma oferta a Deus que passa pelo sofrimento. Também para Maria que se comprometia com seu Filho, pois haveria de sofrer muito até à cruz: "uma espada te transpassará tua alma". A segunda leitura, Hebreus 2,14-18, corrobora esta mensagem. Jesus, assumindo nossa condição humana e assemelhando-se a nós em tudo, menos no pecado, tornou-se o sumo sacerdote, aquele que santifica nossa existência e perdoa nossos pecados. Hoje, Jesus é o templo vivo que nos recebe na Igreja, esse edifício do qual Ele é a pedra angular e nós somos acolhidos como pedras vivas. No dizer do profeta Malaquias, conforme a primeira leitura, Ml 3,1-4, Deus enviará o seu mensageiro, o anjo, para visitar o seu Santuário e purificá-lo bem como para purificar, como a prata e o ouro, os levitas e sacerdotes, a fim de serem dignos de oferecer sacrifícios que agradem ao Senhor e de serem mensageiros que abrirão para o povo um caminho renovado diante do Senhor.

Conforme conhecemos da História da salvação, os mistérios de Deus relacionados a Jesus na terra, como sempre, se manifestaram na simplicidade, pobreza e pequenez. Desde a sua encarnação até à sua morte e ressurreição foi assim. A declaração do velho Simeão sobre Jesus, seguindo a linha das profecias de Isaías, afirmava, não obstante, que o Filho de José e Maria é "luz para iluminar as nações e glória de seu povo, Israel, que vai ser causa de reerguimento para muitos em Israel. Será inclusive um sinal de contradição para revelação dos pensamentos de muitos corações". Por isso, a festa da "Apresentação do Senhor" tem um caráter mariano, sendo chamada também de Nossa Senhora das Candeias.

Desde nosso Batismo cada um de nós recebeu de Deus a benção para um crescimento forte e cheio da sabedoria e graça de Deus.

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