"Não alimente os trolls". A expressão vem do inglês, "don't feed the trolls" e é uma das regras básicas de sobrevivência na internet, cunhada na época que ainda se "navegava" na rede mundial de computadores. Já nessa "pré-história" digital, surgiam esses seres que viviam de fomentar discussões acaloradas e provocar outros internautas para desestabilizar os debates e enfurecer os participantes. Eles ficaram conhecidos como "trolls" — baseado na criatura mitológica cuja única função é provocar caos e destruição.
Na última semana, ao anunciar mais um show em Bauru, o suposto comediante Léo Lins publicou uma "Fritada" sobre a cidade. No vídeo, ele sacaneia a falta de água, as enchentes, as habilidades no volante da população, falta de emprego, o caso Apae, as faixas de pedestre para pets e — a nomeação da mãe da prefeita, Lúcia Rosim, para a Secretaria de Assistência Social do município.
Apesar de negar, Léo Lins é um dos comediantes militantes da extrema direita que defende o chavão da "liberdade de expressão" sem quaisquer limites. Claro que existe um interesse nesta defesa. Ele é alvo de ações em diferentes estados por suas piadas pejorativas a minorias. Um dos alvos constantes dele é a comunidade negra. Tanto que o Ministério Público de São Paulo (MPSP) move uma ação contra o "artista" por uma das piadas racistas.
Na essência, Léo Lins é uma versão moderna dos trolls e sobrevive nas redes sociais por provocar polêmicas, ser processado, reclamar do sistema judiciário, pedir liberdade de expressão, etc.
Por alguma razão, ele sempre encontra público em Bauru e já fez lotou diversas casas com seus shows. Um deles, inclusive, ele abriu criticando e, mais uma vez, sacaneando o MPSP por mover uma ação que tentava o responsabilizar por suas piadas.
O problema é que, desta vez, um vereador que acaba de assumir uma cadeira na Câmara Municipal mordeu a isca e publicou uma nota de repúdio ao suposto comediante. Cometeu um erro básico e alimentou o troll que, certamente, deve iniciar seu próximo show em Bauru, sacaneando este parlamentar.
Na nota de repúdio, o parlamentar fala que as críticas só têm valor quando trazem soluções reais. Ele critica, inclusive, o fato de as piadas serem usadas para ganhar notoriedade. Então, eis a crítica de valor: não ajude esse tipo de "comediante" a ganhar holofotes.
Não alimente os trolls.
O autor é jornalista