A essência do Natal é o amor. Se neste quarto domingo do Advento acende-se na coroa do Advento a última vela, que pode ser de cor vermelha, simbolizando o amor, a Liturgia quer indicar que o Deus amor vem nascer de novo neste Natal de 2.024. Contemplando em espírito a suprema humildade do Filho de Deus nascido no Natal, São Francisco de Assis admirava como Deus olha para quem dEle se aproxima, com ternura e afeto. Deste modo ele queria olhar para o Menino Jesus, também para a mãe Maria, o pai José, o boi e o burro, as ovelhas, os pastores, os reis. E como jamais alguém o tinha feito, São Francisco celebrou o santo Natal, em Greccio-Itália, armando um presépio ao vivo, para que todas as pessoas pudessem contemplar o mistério do mundo divino que vinha se encontrar com o mundo humano e desejassem retribuir com igual amor ao Menino Deus, rendendo-Lhe a devida glória, assim como disse São João no Evangelho "glória que Ele tem junto ao Pai como Filho unigênito, cheio de graça e verdade" (Jo 1,14).
A Liturgia deste domingo põe em evidência a figura de Maria, que foi chamada por sua prima Isabel "a Mãe do meu Salvador". Ouviremos no Evangelho da santa Missa, Lc 1,39-48, que o mistério do Senhor foi revelado quando Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa a fim de visitar sua prima Isabel que também estava grávida no sexto mês de gravidez, não obstante a sua idade avançada. Através de Maria, o Senhor veio visitar a humanidade. Se pela fé de Abraão começou a obra da salvação, pela fé de Maria deu-se o definitivo cumprimento dela. Pois por seu sim e sua maternidade Jesus apareceu como o Messias Salvador. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no ventre de Isabel. Ela ficou cheia do Espírito Santo e exclamou, com um grande grito: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?" Continuando, disse: "Feliz a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido". Maria prorrompeu em ação de graças, cantando o "Magnificat", "Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador". Precisamos ter sempre presente que Jesus tornou-se um de nós: teve fome e sede (Mt 4,2; 21.18; Jo 4,7; 19,28). Teve cansaço (Jo 4,6). Fez amigos, chorou Lázaro (Jo 11,35). Teve compaixão das multidões (Mt 10,36). Encheu-se de alegria pelos sinais de amor do Pai ((Lc 10,21). Por isso, a fé que professamos é esta: Jesus Cristo, segunda pessoa da Santíssima Trindade, filho de Deus e filho de Maria, é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Uma só pessoa, com duas naturezas, a divina e a humana. Belas são estas palavras de Santo Agostinho: "Na verdade, que graça maior Deus poderia nos conceder do que, tendo um único Filho, fazê-lo Filho do homem e reciprocamente fazer os filhos dos homens serem filhos de Deus!". Mas Ele, Deus e homem, é "Deus conosco". A primeira leitura, Miquéias 5,2-5, fala que alguém está para dar à luz: "O seu rebento há de reunir os filhos de Israel. Ele permanecerá firme e apascentará o seu rebanho com a força do Senhor e com a majestade do nome do seu Deus. Haverá tranquilidade, porque Ele será exaltado até os confins da terra. E haverá paz". Assim pois para que o Natal aconteça no hoje do nosso tempo coloquemo-nos na atitude de Maria: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra". Também coloquemo-nos na atitude de Jesus quando nasceu no mundo, conforme diz a segunda leitura, Hb 10,5-10: "Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade". "Graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas". Fazer a vontade de Deus substituiu os sacrifícios e holocaustos, aquelas oferendas que Deus não quis. Compreendamos bem o exemplo de Jesus e de Maria: Foram pelo sim de Cristo e o sim de Maria pronunciados num só tom e no mesmo instante da Encarnação quando disseram "faça-se" e "eis-me aqui" deu-se o início de uma vida nova, o começo da realização do plano de nossa salvação e redenção. Que o Espírito Santo nos ilumine a fim de que, como Isabel, reconheçamos em Maria a mãe do Salvador e demos glória a Deus pelo mistério que nela se realizou.