Na língua inglesa, o termo para alma é soul. Segundo o Cambridge Dictionary, a alma é descrita como a parte espiritual de uma pessoa que continua existindo de alguma forma após a morte do corpo, ou como o aspecto não físico de uma pessoa, capaz de experimentar sentimentos e emoções profundas. No hebraico, a palavra para alma é nephesh (), que abrange conceitos como ser, vida, criatura, mente, desejo, apetite, emoção e paixão. Refere-se ao ser que respira, a essência interior do homem. Já no grego, a alma é denominada psuche (), que significa o fôlego da vida — a força vital que anima o corpo e se manifesta pela respiração. Psuche também abrange sentimentos, desejos, afeições e aversões. Além disso, refere-se à alma como o componente moral e espiritual, criado por Deus, destinado à vida eterna. No pensamento grego, a alma é entendida como uma essência distinta do corpo e que permanece indissolúvel após a morte.
Quanto a Bíblia, ela ensina que o ser humano é composto por corpo, alma e espírito. Sobre a relação entre esses elementos, destacam-se quatro teorias: o monismo e o hilomorfismo tratam da interação entre os três aspectos, enquanto a dicotomia (dualismo corpo e espírito/alma) e a tricotomia debatem a distinção entre corpo, alma e espírito. Embora algumas passagens usem os termos "alma" e "espírito" de forma intercambiável (Mateus 10.28; Lucas 1.46-47) apontando para a dicotomia, outras sugerem separação tricotômica entre corpo, alma e espírito (Hebreus 4.12; 1 Tessalonicenses 5.23). Hebreus 4.12 afirma que apenas Deus pode discernir a divisão entre alma e espírito, indicando que a questão permanece um mistério. Os chamados tricotomistas veem o corpo como a conexão com o mundo físico, a alma como a essência do ser e o espírito como o elo com Deus. Já os dicotomistas consideram o espírito parte da alma que se relaciona com Deus. Ambas as visões são biblicamente plausíveis, sem contradições heréticas. Assim, a questão da distinção exata entre alma e espírito não é totalmente clara nas Escrituras. O essencial é reconhecer que somos corpo, alma e espírito vivendo para a glória de Deus, oferecendo nosso corpo como sacrifício vivo (Romanos 12.1), agradecendo pela salvação da alma (1 Pedro 1.9) e adorando em espírito e verdade (João 4.23-24). Um dos pilares da visão cristã sobre o ser humano é enxergá-lo como uma unidade integral, um ser completo. Historicamente, houve a tendência de dividir o homem em partes distintas — como "corpo e alma" ou "corpo, alma e espírito" — abstraindo essas dimensões de sua totalidade. No entanto, tanto cientistas seculares quanto teólogos cristãos têm reconhecido, gradativamente, que essa abordagem fragmentada é inadequada. O homem deve ser compreendido como um todo, sem separações rígidas entre suas dimensões física, emocional e espiritual.
No contexto cristão, é fundamental revisitar o ensino bíblico sobre a natureza humana. A Bíblia, no entanto, não apresenta uma descrição científica do homem nem busca competir com a antropologia científica ou filosófica. Em vez disso, ela utiliza termos como alma, espírito e coração de forma não sistemática, enfatizando diferentes aspectos da existência humana em relação a Deus. Essa linguagem reflete uma visão integrada do homem, não uma análise técnica de suas partes. No Antigo Testamento, por exemplo, as referências às partes do corpo são amplas e simbólicas, abordando o homem em sua totalidade, em vez de priorizar distinções anatômicas ou funcionais. Portanto, compreender o homem à luz das Escrituras exige que vejamos suas dimensões como facetas interligadas de um ser único, criado para se relacionar com Deus. Essa perspectiva unificadora nos convida a refletir sobre o homem não como um conjunto de partes separadas, mas como uma obra divina integrada, que encontra sua plenitude no relacionamento com o Criador.
Por fim, a angústia da alma é uma realidade universal, e o Salmo 42 oferece uma poderosa reflexão sobre como lidar com esses momentos à luz da fé. Davi, ao questionar sua própria alma - "Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim?" - nos ensina que os conflitos internos podem ser persistentes e exigir enfrentamentos repetidos. A luta contra a tentação e o desânimo não é vencida de uma só vez, mas requer coragem e confiança renovada em Deus a cada batalha. Só Deus, através da fé em Cristo Jesus, pode alegrar a alma, pois Ele é a fonte da verdadeira paz, esperança e alegria. Apenas em Sua presença encontramos plenitude e satisfação duradoura para a nossa alma.
IGREJA BATISTA DO ESTORIL
62 anos - Soli Deo Gloria