Ao ouvir pela primeira vez sobre gematria, me interessei em entender seu significado para poder compartilhar com outros. Descobri que a gematria é um sistema de análise numérica, utilizado especialmente na tradição judaica, onde cada letra do alfabeto hebraico possui um valor numérico. Esse sistema permite interpretar palavras e frases com base na soma de seus valores. A ideia central é que palavras ou frases podem ter uma conexão no texto hebraico, oferecendo uma nova dimensão de entendimento dos textos sagrados. Frequentemente Gematria é utilizada na interpretação da Torah hebraica, a fim de revelar significados ocultos e profundos. Cada letra do alfabeto hebraico corresponde a um número específico: o aleph () equivale a 1, o bet () a 2, e assim por diante, até o yod () que vale 10. A partir daí, as letras aumentam em valores decimais, chegando até o tav (), que representa 400. Essa correspondência permite que palavras inteiras sejam traduzidas em valores numéricos e, através da comparação desses valores, estudiosos buscam mensagens simbólicas.

Um exemplo famoso de gematria é a palavra "chai" (), que significa "vida" e tem valor numérico 18 (8 para a letra het e 10 para yod). Esse valor é tão significativo na cultura judaica que doações e presentes são frequentemente feitos em múltiplos de 18 como símbolo de bênçãos. A gematria oferece insights no estudo dos nomes e números bíblicos. O nome de Deus, representado pelo Tetragrama (YHWH - ) carrega um profundo simbolismo numerológico, que alguns consideram uma chave para entender o caráter e a ação divina.

Da mesma forma, o número 12 representa a perfeição do governo divino, como demonstrado nas 12 tribos de Israel, 12 apóstolos de Jesus, e na Nova Jerusalém com suas 12 portas. Esse padrão se repete em vários eventos e figuras bíblicas: a filha de Jairo, com 12 anos, é ressuscitada por Jesus; na visão de Apocalipse 12, uma mulher tem uma coroa com 12 estrelas. Outro exemplo significativo aparece na genealogia de Jesus em Mateus, onde há três conjuntos de 14 gerações, enfatizando o número 14 - que incrivelmente é a soma das letras do nome Davi. Esse padrão triplo aponta para a Trindade e para Jesus como o Messias, descendente de Davi, Jesus o perfeito Davi, o perfeito Rei. A gematria entende que a Bíblia revela, através desses números, um universo de mensagens e mistérios profundos em camadas adicionais de compreensão. Realmente a Bíblia é linda, extraordinária com seus muitos mistérios revelados através da dedicação de seu estudo.

Apesar de sua tradição e popularidade, a gematria enfrenta sérias críticas. A grande maioria dos teólogos a consideram subjetiva, pois sistemas numerológicos podem ser usados para sustentar diversas interpretações, incluindo as extra bíblicas. A cultura pop, por exemplo, utiliza a gematria em livros, filmes e até em teorias da conspiração, onde números associados a letras ou palavras são vistos como símbolos de significados ocultos. Em contextos espiritualistas e esotéricos como a cabala, ela é aplicada em práticas como criação de amuletos e talismãs, nos quais palavras com valores específicos são escolhidas para atrair proteção ou sorte. Nesses contextos, a gematria é empregada para explorar o que se acredita serem significados ocultos da vida e do universo.

Para muitos judeus e estudiosos da Torá, a gematria é mais que simbolismo popular; é uma chave essencial para explorar as Escrituras. Longe de ser mera curiosidade, ela visa revelar mistérios divinos e aprofundar o entendimento da relação entre Deus e a humanidade. Nessa tradição, os valores numéricos representados por cada letra hebraica desvendam supostas mensagens ocultas, enriquecendo a compreensão do texto sagrado e abrindo portas para uma sabedoria infinita.

A despeito do sistema intrigante e envolvente da gematria, o propósito central do texto sagrado permanece claro, intocável e original: proclamar que Jesus Cristo é o único caminho, a verdade e a vida, e que ninguém pode chegar ao Pai celestial senão por Ele (cf. João 14.6). Embora a gematria queira oferecer uma forma de explorar mistérios das Escrituras, a Palavra de Deus já é, por si só, um tesouro sublime, como o salmista declara: 'Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei' (Salmo 119.18). A gematria jamais é um fim em si mesma, talvez com prudência e moderação possa ser um auxílio, no sentido de reforçar a majestade da revelação divina dentro do conteúdo do texto sagrado.