COLUNISTA

Uma graça imerecidamente recebida uma fé ativamente correspondida

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

Continuando a mostrar que Jesus é o Salvador que cura os homens dos sofrimentos, os liberta dos males que destroem a vida, os salva do pecado que leva à morte, São Marcos conta mais um milagre de Jesus no trecho evangélico da santa Missa deste domingo, Mc 10,46-52, quando, pouco antes da sua paixão, saia de Jericó rumo a Jerusalém, acompanhado dos seus discípulos e grande multidão. Jesus, nessa ocasião, realizando seu último milagre, restituiu a visão a um cego chamado Bartimeu que encontrou sentado à beira do caminho, mendigando. Bartimeu quando ouviu dizer que Jesus estava passando começou a gritar: "Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!" Não obstante muitos o repreendessem para que se calasse, mais ainda ele gritava: "Filho de Davi, tem piedade de mim!" Ouvindo aquele grito, Jesus parou e mandou chamá-lo. Eles o chamaram, dizendo: "Coragem, levanta-te, Jesus te chama!" Segundo disse São Marcos, "O cego jogou fora o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: O que queres que Eu te faça? O cego respondeu: Mestre que eu veja! Jesus disse: Vai, a tua fé te curou". No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho". Neste milagre, a iniciativa salvífica gratuita de Deus fica evidente, por pura graça, sem mérito algum, Jesus devolveu a vista ao cego. Por outro lado, aparece claramente a resposta ativa daquele cego, a fé comprometida que faz daquele homem um discípulo. O diálogo partiu de Jesus: "Que queres?" A graça foi oferecida e acolhida, a da cura. A fé foi a resposta dada e assumida: a tua fé te curou". O que fora cego, levantando-se e lançando fora o manto, engajou-se imediatamente no seguimento de Cristo. Não basta crer por palavras, mas amar por obras. Assim como lemos em Tiago 2,14-18: "Tu tens a fé e eu tenho a prática! Tu, mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras!" As obras da fé são as obras do amor. A primeira obra é seguir Jesus, fazer-se seu discípulo, a segunda é fazer a vontade de Deus, acolhendo a carga da cruz de Cristo no dia a dia em união com Ele para a glória de Deus e para a salvação do mundo. Pois, "Quem não carrega sua cruz e não vem após mim, não pode ser meu discípulo" (Lc14,27).

Na primeira leitura da santa Missa, Jr 31,7-9, Jeremias anuncia que no tempo messiânico Deus reunirá as tribos dispersas e as consolará, operando a cura de cegos e coxos, não deixando mais existir entre eles a presença de mendigos, O povo, então, aclamará cantando: "Javé nos salva". O Salmo responsorial, Sl 125, canta essa "Alegria da volta e da restauração". A segunda leitura, Hebreus 5,1-6, revela que Cristo Jesus é o sumo sacerdote que recebeu de Deus essa glória conforme lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei". Também conforme disse em outra passagem: "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec".

O Santo Padre o Papa Francisco acaba de nos enviar a Carta Encíclica DILEXIT NOS sobre o Amor Humano e Divino do Coração de Jesus.

O Papa começa dizendo: 1. "Amou-nos, diz São Paulo referindo-se a Cristo (Rm 8,37), para nos ajudar a descobrir que nada "será capaz de separar-nos" desse amor (R 8,39). Paulo afirmava-o com firme certeza, porque o próprio Cristo tinha garantido aos seus discípulos: "Eu vos amei" (Jo 15,9.12). Disse também: "Chamei-vos amigos" (Jo 15,15). O seu coração aberto precede-nos e espera-nos incondicionalmente, sem exigir qualquer pré-requisito para nos amar e oferecer a sua amizade: Ele amou-nos primeiro (cf. 1Jo 4,10). Graças a Jesus, "conhecermos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele" (1 Jo 4,16).

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