ENTREVISTA DA SEMANA

Entrevista com Marcus Marques, presidente da Unimed Bauru

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Tisa Moraes
Marcus Vinícius Marques, cirurgião vascular e presidente da Unimed Bauru
Marcus Vinícius Marques, cirurgião vascular e presidente da Unimed Bauru


Com os demais diretores da sua gestão: Luciano Camargo, Christiano Carneiro e Gregório de Souza (Crédito: Arquivo pessoal)

Precisão na medicina e na presidência

Cirurgião vascular e presidente da Unimed Bauru, ele comanda a expansão dos serviços, da tecnologia e dos negócios da cooperativa

A trajetória do médico Marcus Vinícius Marques, 64 anos, presidente da Unimed Bauru, foi construída com determinação e amor pela medicina. Filho de um frentista e de uma dona de casa, sonhava ser médico desde a infância e, aos 11 anos, começou a trabalhar para viabilizar seus estudos.

Consertando pequenos relógios de corda, desenvolveu habilidades manuais que seriam cruciais para sua atuação como cirurgião vascular especializado em microcirurgias. Sua destreza chegou a definir rumos de sua carreira, como na ocasião em que operou um paciente ferido por uma bomba.

Há 29 anos em Bauru, Marcus acompanhou a construção e expansão do Hospital Unimed Bauru, que completa 25 anos nesta terça-feira (22). A unidade, da qual já foi presidente, é local de trabalho de sua esposa, a pediatra Beatriz Helena de Almeida Marques - com quem teve as filhas, também médicas, Marina e Paula - desde o primeiro dia de funcionamento. E foi onde o primeiro neto do casal, Mateus, nasceu há menos de um mês.

Após passar por todas as funções como conselheiro e diretor da Unimed Bauru, Marcus assumiu a presidência em abril passado com projetos de expansão de serviços e investimento em tecnologia. Nesta entrevista, ele relembra suas origens em Lucélia, onde nasceu, e o início da carreira, e conta sobre o motivo de sua escolha por Bauru, os avanços que ajudou a construir na Unimed e o privilégio de, com seu trabalho, fazer a diferença na vida das pessoas.

JC - Por que decidiu ser médico?

Marcus - Meu pai era frentista, minha mãe, dona de casa e me lembro que, com 7, 8 anos, já pensava em ser médico. O pai de um coleguinha era cirurgião, eu gostava das histórias que ele contava e decidi que faria medicina. Para isso, precisava estudar, mas minha família não tinha condição financeira, então, com 11 anos, comecei a trabalhar, primeiro em uma funilaria e, logo depois, em uma relojoaria. Aos 11 anos, aprendi a consertar relógios pequenininhos de corda, o que me trouxe habilidade manual, algo importante para minha vida como cirurgião vascular e que me deu tranquilidade para fazer microcirurgias.

JC - O senhor estudou onde?

Marcus - Na Famema, em Marília, onde também me especializei como vascular. Também fiquei lá por três anos no serviço de cirurgia, onde operava com residentes e dava aulas para alunos do quinto e sexto anos. Dois destes residentes me chamaram para montar um grupo em Goiânia e fiquei por três anos no Hospital de Urgência e no Instituto Ortopédico de lá. Mas minha mãe teve um AVC, eu era o único médico da família e quis ficar próximo. Na época, uma pediatra de Bauru tinha ido a um congresso em Goiânia do qual minha esposa também participou e a convidou para conhecer Bauru, porque a Beneficência estava abrindo uma UTI de neonatologia. Foi assim que viemos para cá, no fim de 1995.

JC - O senhor se especializou em microcirurgia?

Marcus - Na Famema, eu já fazia cirurgias em artérias pequenas. Quando estava em Goiânia, fiz um curso de microcirurgia em São Paulo com profissionais especializados, que realizavam suturas intracranianas de vaso, vaso de placenta. Em Bauru, eu operava com Edgar. A gente tirava parte do intestino para reconstruir faringe e eu fazia a microcirurgia de artéria e veia, tirava pedaço de fíbula com artéria e veia para reconstruir mandíbula. Sempre fui bem meticuloso com sutura.

JC - Como começou sua trajetória em Bauru?

Marcus - Fiquei dois anos trabalhando nas UBSs do Bela Vista, Ipiranga e Mary Dota e como vascular na Beneficência. Um dia, explodiu uma bomba na mão de um paciente, os cirurgiões do pronto-socorro do Hospital de Base estavam em um congresso e o diretor me chamou. Fiz toda a cirurgia, o paciente não perdeu a mão e fui admitido na equipe. Minha especialidade era aneurisma, carótida, enxertos e, quando estas cirurgias foram transferidas para o então recém-criado Hospital Estadual, prestei concurso e fui trabalhar lá. Ao todo, foram cerca de 14 anos.

JC - Simultaneamente, trabalhava na Unimed?

Marcus - Sim. Em 2025, completo 30 anos em Bauru e na Unimed. Entrei como cirurgião vascular e, na época, o hospital estava sendo construído. Os médicos iam jogar futebol aos sábados em um campo onde hoje é o estacionamento e, depois, íamos ver as obras, que começaram em 1992 e terminaram em 1999. Minha esposa trabalha lá desde o primeiro dia, na UTI neonatal. Vi o hospital ser erguido e continuo fazendo cirurgias até hoje, além de atender pacientes no CDU. Para minha felicidade, meu netinho, parte de mim e da minha esposa, nasceu nesse hospital.

JC - Como chegou à presidência da Unimed?

Marcus - Comecei no conselho fiscal e passei por todas as etapas, o que foi um grande aprendizado. Fui diretor técnico e diretor superintendente do hospital e vim para a diretoria da Unimed. Fui diretor administrativo, superintendente e vice-presidente, até chegar à presidência em abril. Gradativamente, o hospital foi expandindo e acompanhei todo o processo, bem como a robotização da nossa farmácia e a criação do CDU, que tem equipamentos de ponta e é uma facilidade para o paciente. Além disso, a cooperativa criou empresas na área de saúde que ficam sob o guarda-chuva da Salutem: Compliance, CarBen, Vida Top e Gemmini. E planejamos fundar mais duas, espero que dentro dos três anos da minha gestão.

JC - Como se sente por fazer a diferença na vida de tantas pessoas?

Marcus - Amo minha profissão e trabalhar na Unimed é extremamente prazeroso porque consigo fazer o bem às pessoas. Estamos melhorando a qualidade da medicina para médicos e pacientes. Agora, por exemplo, estamos investindo em inteligência artificial e implantando o Centro de Transplante de Medula, com planos de expansão para outros órgãos. Além disso, contribuímos para a geração de empregos e para que Bauru se torne uma referência em saúde. Sou grato pelo dom que Deus me deu porque consegui crescer e chegar à presidência da Unimed Bauru.

O que diz o presidente:

'Aos 11 anos, aprendi a consertar relógios pequenininhos de corda, o que me trouxe habilidade manual'
'Vi o Hospital Unimed Bauru ser erguido e, para minha felicidade, meu primeiro netinho nasceu lá'
'Amo minha profissão e trabalhar na Unimed é extremamente prazeroso porque consigo fazer o bem às pessoas'

Com a esposa, a pediatra Beatriz Helena de Almeida Marques (crédito: Arquivo pessoal)
Com a esposa, a pediatra Beatriz Helena de Almeida Marques (crédito: Arquivo pessoal)
Com as filhas Paula e Marina (crédito: Arquivo pessoal)
Com as filhas Paula e Marina (crédito: Arquivo pessoal)
Marcus Vinícius Marques (crédito: Tisa Moraes)
Marcus Vinícius Marques (crédito: Tisa Moraes)

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