Frequentemente, ouvimos afirmações de que os princípios do socialismo teriam origem nos ensinamentos de Jesus Cristo. Contudo, essa visão merece ser refutada. À luz da interpretação bíblica, é claro que os fundamentos do socialismo e do cristianismo são profundamente incompatíveis. Existe um antagonismo evidente entre essas duas visões. A ideia de que Jesus seria um revolucionário igualitário da Palestina não se alinha com a tradição cristã.

Vejamos com atenção: o socialismo é uma cosmovisão de mundo, uma ideologia que fundamenta tudo no materialismo dialético, priorizando o fator econômico como determinante central. Esse princípio é diametralmente oposto à fé cristã, pois o socialismo não admite concorrência, especialmente de uma visão com base espiritual. Na lógica socialista, os fins justificam os meios, permitindo qualquer ação para atingir os objetivos propostos. Já o cristianismo segue um caminho totalmente distinto: Jesus e a Bíblia valorizam o ser humano como um ser espiritual, com valores que transcendem a mera materialidade.

Além disso, o socialismo vê a fé cristã e a salvação em Jesus como algo inútil e alienante. Para o marxismo, a religião é descrita como o "ópio do povo" - uma forma de entorpecer as pessoas, alienando-as da realidade. Na obra de Marx, a religião é tratada com desprezo e ódio, sendo considerada um obstáculo ao progresso da luta de classes. Em contrapartida, o cristianismo promove princípios que não podem ser reconciliados com essa visão, como o amor, compaixão, perdão, altruísmo, e diálogo. Enquanto o socialismo incentiva o conflito e a luta, a fé cristã se baseia na reconciliação e na paz, valores que o socialismo considera "infantis" para sua proposta revolucionária. Segundo verifica-se nos trabalhos de K. Marx com vista a uma teoria da transição, o socialismo seria uma etapa intermediária para um sistema superior - o comunismo - tornado possível somente após o pleno desenvolvimento das forças produtivas. Jesus e o socialismo são conceitos fundamentalmente irreconciliáveis. O socialismo, com sua base totalitária, promove uma suposta igualdade social através da imposição da força, negando o direito à propriedade privada e defendendo que todos os meios de produção devem estar sob o controle do Estado. Contrariamente, a Bíblia jamais negou o direito à propriedade particular. Ao invés disso, a Escritura proíbe a cobiça pelos bens alheios (Êx 20:17) e incentiva o cristão a ter uma conduta exemplar em seu trabalho. Em Efésios 6:5-7, por exemplo, a relação entre empregados e empregadores é orientada com base no respeito e na ordem, exigindo que os trabalhadores realizem suas tarefas com integridade, como se estivessem servindo a Deus, e não aos homens.

Vale ressaltar que o sistema distributivista da Igreja Primitiva ocorria de maneira voluntária, motivada pelo amor, e nunca foi uma imposição. Essa partilha surgia da expectativa da "parusia" (a segunda vinda de Cristo) e do apoio mútuo em uma comunidade que se encontrava marginalizada pela sociedade judaica e romana. Embora a Bíblia defenda a ordem e a justiça social, ela não promove o ódio ou a divisão entre as pessoas, mas busca o equilíbrio através de meios morais e baseados no amor. Também reconhece que uma igualdade absoluta e forçada é impraticável, pois Deus criou as pessoas com suas diferenças. O princípio bíblico é claro: "quem planta, colhe". A Escritura também ensina que a criação está sob a maldição do pecado (Gn 3:17), e, portanto, as injustiças deste mundo nunca serão totalmente corrigidas até que Cristo estabeleça seu Reino eterno (Zc 14:9). Além disso, Jesus afirmou que "os pobres sempre estarão entre nós" (Mt 26:11), reconhecendo que a pobreza faz parte desta era. No entanto, Deus deixou princípios nas Escrituras para que o ser humano viva em harmonia social, promovendo justiça e sempre de forma amorosa e moral, e não por coerção ou imposição estatal.

Cristianismo e socialismo são fundamentalmente opostos. O socialismo é uma ideologia fracassada que, ao tentar salvar o mundo, trouxe destruição, assim como o Nazismo. No último século, milhões de inocentes, muitos deles cristãos, foram perseguidos, torturados e mortos em regimes comunistas, como os mais de 100 mil Menonitas que morreram na Sibéria. Aqueles que ainda associam socialismo ao cristianismo ignoram a história e correm o risco de repeti-la. O socialismo a priori é anti-Deus e nocivo tanto para o cristianismo quanto para a liberdade. As nações mais prósperas são as que seguem os ensinamentos de Cristo, não de Marx. Nossa verdadeira esperança reside no Reino de Cristo, que não pertence a este mundo, como Ele mesmo afirmou em João 18:36. Não há qualquer semelhança entre o cristianismo e o socialismo.