Formados pela umidade do Oceano Atlântico e a exuberância da Floresta Amazônica, os Rios Voadores realizam uma dança natural, sagrada, unindo o poder do Oceano e a exuberância vegetal da Floresta. Em um movimento lento e contínuo, rumo à Cordilheira dos Andes e que conta com milhares de anos, a umidade que entra no Brasil, se precipita em forma de chuva e evapora; condensa nas alturas e volta a cumprir seu ciclo até encontrar a barreira física das montanhas dos Andes onde a sua umidade, muitas vezes superior ao volume de água do próprio Rio Amazonas, se divide distribuindo vida e abundância em direção ao norte do Continente Americano e às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Caso os Andes não existissem, a região Norte seria um deserto por falta de retenção da umidade dos Oceanos.
Essa dança foi exaltada por um dos maiores ambientalistas brasileiros, José Lutzenberger, na década de 1990 através de seu livro "Gaia o Planeta Vivo" onde defendeu as ideias de James Lovelock, criador da Hipótese Gaia, que reconhecia o planeta como um organismo vivo, consciente que proporciona condições de vida a todas as espécies.
Al Gore, vice-presidente dos Estados Unidos das Américas durante a presidência de Bill Clinton (1993 a 2001), em visita a Floresta Amazônica, presenciou o fenômeno dos Rios Voadores que podem ser vistos realizando sua dança sagrada de precipitação/chuva, evaporação e nova precipitação/chuva até onde a vista alcança. Impressionado com o fenômeno, parafraseando o político norte americano, declarou que o Brasil deveria reconhecer uma soberania limitada sobre a Amazônia devido sua importância para o mundo. Declaração no mínimo inconveniente como o nome do seu livro escrito em 2006, "Uma Verdade Inconveniente".
O olhar cobiçoso sobre as riquezas minerais e vegetais da Amazônia e a desregulamentação ambiental promovida pela última presidência da república (2019 a 2022) fizeram com que esse equilíbrio sagrado entre Floresta e Oceano fosse rompido e ao invés da troca de umidade temos queimadas incontroláveis com o objetivo de grilar terras indígenas já demarcadas, impedir novas demarcações e invadir, nos pós fogo, terras devolutas da União Federal.
Os efeitos desses crimes contra o povo brasileiro e contra a Humanidade já se fazem sentir. Ao invés de distribuírem vida e umidade pelo Continente Americano e pelo Brasil, os Rios Voadores se transformaram em Rios de Fumaça Tóxica que encobrem os céus do país levando doenças e sinalizando problemas muito graves para o futuro de Bauru e as cidade brasileiras que dependem das chuvas que eles traziam e que eram armazenadas em aquíferos subterrâneos, como o Aquífero Guarani e o Aquífero Bauru. Florestas, como o nosso Cerradão, rios, como o Rio Batalha hoje estão agonizando e vão lentamente adoecendo e poderão, dentro em breve desaparecer.