COLUNISTA

Onde há fumaça...

Por Carlos Brunelli |
| Tempo de leitura: 3 min

Por mais que queira desviar do lugar-comum ou por menos que deseje abordar assunto espinhoso, é praticamente impossível deixar de comentar sobre os episódios ambientais que nos assolam ultimamente. Justificada e compreensivamente, temos os olhos voltados para a realidade do país, embora ao redor do mundo catástrofes ecológicas de igual magnitude ou até mais severas estejam ocorrendo.

Em uma limitada visão caseira, lembramo-nos dos desastres ambientais provocados pelas chuvas no Rio Grande do Sul e agora pelas queimadas que destroem boa parte do bioma brasileiro. Mas se ampliarmos a área de análise, depararemos com terremotos na Turquia e na Síria em 2023; terremoto no Japão em janeiro deste ano; tempestades severas e tornados nos Estados Unidos; chuvas históricas no Golfo Pérsico, causando inimagináveis enchentes em Dubai, por exemplo. Só para ficar em acontecimentos recentes e que, somente no primeiro semestre deste ano, causaram perdas globais da ordem de 120 bilhões de dólares, sem contar as desmedidas perdas humanas.

A ação do homem na falta de preservação da natureza tem papel especial e central em tais eventos, quer de maneira culposa ou de forma dolosa. O desrespeito às ações divinas na Criação é a origem do desequilíbrio que leva às tragédias. Não deixa de ser negação à soberania de Deus quando se destrói o que Ele com esmero incalculável criou. "Deus viu tudo que havia feito, e eis que era muito bom" (Gênesis 1:31).

Não à toa, o relacionamento interpessoal na humanidade está igualmente degradado. Se o tratamento oferecido ao mundo material criado é de desprezo e desamor, não há de esperar algo diferente no comportamento dirigido ao semelhante. Albert Schweitzer, teólogo, músico, médico, pastor e missionário alemão, Prêmio Nobel da Paz 1952, cunhou a seguinte frase: 'Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes'.

Quando da devastadora epidemia de Covid, há parcos quatro anos, muito se dizia que a sociedade sairia mais solidária daquela situação de calamidade de saúde; que haveria uma maior e melhor empatia e posicionamento dos deveres e direitos individuais. Bastou o recuo do crítico cenário para tudo estabilizar nos patamares anteriores de interesses pessoais prevalecendo sobre os coletivos.

Não são poucos os que refazem o discurso de solidariedade e da postura social consciente ante o atual quadro de calamidade climática. Aparenta ser mais um desejo, uma aposta que um previsível e esperado modelo comportamental futuro; a história não deixa margem a dúvidas. O coração humano é cruel e errático. "O coração é mais enganoso que qualquer coisa, e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?", declarou o profeta Jeremias, para em seguida emendar a resposta vinda da parte de Deus: "Eu sou o SENHOR que sonda o coração e examina a mente, para recompensar cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras." (Jeremias 17:10).

Esta deveria ser a preocupação e atenção dada por todos. "Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más." (Eclesiastes 12:14). O juízo divino é implacável!.

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