COLUNISTA

Falibilidade humana

Por Carlos Brunelli |
| Tempo de leitura: 3 min

Houve um tempo em que a nação de Israel foi governada por juízes. Isso aconteceu cerca de três mil e quatrocentos anos atrás. A princípio, Israel sequer era uma nação, apenas um aglomerado de aproximadamente dois milhões de hebreus recém-libertados da escravidão no Egito e que peregrinaram por quarenta anos pelo deserto, rumo à Terra Prometida.

Moisés foi o homem designado por Deus para libertar Seu povo e liderá-los na marcha através dos perigos do deserto. Porém Moisés morreu às portas da almejada Canaã. O líder dos hebreus a contemplara, mas não a adentrara. Assim decretou o Senhor, pois seu ungido havia tomado para si o crédito de ter providenciado água para o povo sedento, ao ferir a rocha em Meribá, quando deveria ter santificado a Deus pelo milagre.

Seu substituto foi Josué, guerreiro valente e corajoso, levantado por Deus para vencer as inúmeras campanhas militares contra os povos pagãos que já habitavam aquelas terras. Josué em tudo consultava a Deus e tornou grande o território de domínio dos hebreus. Após vários anos de batalhas, o repartiu entre as doze tribos primordiais, dando início ao surgimento de uma nação hebreia. Porém, após a morte do intrépido e destemido comandante, e também dos anciãos, a nova geração se encantou com os atrativos da vida pagã, adorou outros deuses e coabitaram com outros povos na terra conquistada, permitindo a seus filhos e filhas casar e dar-se em casamento com aquela gente, iniciando uma série de ciclos de pecado, punição divina, clamor por ajuda e resgate por um juiz enviado por Deus.

A nação viveu um vácuo em sua liderança e, em vez de desfrutar a liberdade e prosperidade, enfrentou um caos administrativo, amargando anos de declínio em sua história. Foi nesse cenário confuso e de sucessivas desobediências - quando a ira de Deus abatia sobre o povo - e arrependimentos temporários que traziam a misericórdia e as bênçãos do Senhor, que governaram os doze juízes de Israel, período que cobre mais de trezentos anos de sucessivas opressão e libertação, com cada uma das doze tribos fazendo o que lhes parecia bem.

Ao final desses longos três séculos de desordem organizacional, os israelitas invejaram os reinos ao redor e pediram que lhes fosse instituído um rei. Escolheram Saul, jovem, alto e belo de aparência, a imagem visual ideal para um rei, mas igualmente de caráter, qualidades e habilidades duvidosas. Impulsivo por natureza, tentou mais de uma vez assassinar Davi, que viria a ser rei em seu lugar. Este, por sua vez, longe de uma conduta moral perfeita, tinha o coração quebrantado e voltado para Deus.

Esse passeio por líderes bíblicos de personalidades tão díspares é para demonstrar a inutilidade do ser humano quando resolve agir por sua própria vontade e discernimento. Como humanos, todos são falhos e imperfeitos. Assim como eles, também nós somos incompletos e inexatos, especialmente quando deixamos que o orgulho fale mais alto, dispensando a dependência de Deus.

Somente o Altíssimo tem verdades inquebrantáveis; justiça plena e ações inerrantes. Desconfie de quem inicia uma frase com "a verdade é a seguinte...", pois está divulgando a verdade dele próprio e não a absoluta, que é emanada exclusivamente de Deus. Em um tempo de justiça relativa, a qual pode ser alterada conforme a conveniência, peça ao Senhor que o irrigue com Sua justiça imutável. Antes de agir, ore ao Senhor por sabedoria para decidir ao encontro de Sua soberana vontade.

Declare sua total dependência e submissão ao Todo-Poderoso, deixando que Ele dirija sua vida. Você poderá até não chegar onde planejava inicialmente, mas isso o inundará de uma inexplicável paz interior.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

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