CASO CLÁUDIA

Contradições, câmera e celular: como a polícia chegou a Roberto

Por André Fleury Moraes, Lilian Grasiela, Tisa Moraes e Mateus Ferreira | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Guilherme Matos/JC
Franceschetti deixa a delegacia de polícia para ser transferido à cadeia de Pirajuí; ele foi conduzido junto com dois rapazes, presos por outros casos
Franceschetti deixa a delegacia de polícia para ser transferido à cadeia de Pirajuí; ele foi conduzido junto com dois rapazes, presos por outros casos

Câmeras de segurança, triangulação do sinal de celular e contradições no depoimento foram elementos fundamentais que levaram a Polícia Civil de Bauru, por intermédio das investigações conduzidas pelo delegado Cledson Luiz do Nascimento, a pedir - e conseguir - a prisão de Roberto Franceschetti Filho, presidente afastado da Apae Bauru e principal suspeito do sumiço de Claudia Regina Rocha Lobo, secretária-executiva da entidade desaparecida há mais de uma semana, especificamente desde o dia 6.

Franceschetti foi preso no início da tarde de quinta-feira (15) e encaminhado à cadeia pública de Pirajuí na noite do mesmo dia. Na sexta (16), o juiz Rodrigo Otávio Machado de Melo manteve a prisão do presidente da Apae após audiência de custódia (leia abaixo nesta página).

O JC teve acesso à decisão que autorizou a prisão de Roberto, tornada pública nesta sexta (16), que elenca os fundamentos do delegado Cledson do Nascimento, responsável pelo caso. A prisão foi deferida pelo juiz Fábio Correia Bonini com parecer favorável do Ministério Público de Bauru. Embora o corpo de Claudia ainda não tenha sido encontrado, a Polícia já trata o caso como possível "homicídio qualificado e ocultação de cadáver".

A princípio a Polícia fechou o local do crime, colheu materiais que estavam disponíveis no interior do veículo encontrado na Vila Dutra, dentro do qual Claudia entrou antes de desaparecer, e ouviu aqueles que tinham contato frequente com ela.

Um deles Roberto Franceschetti, cujo depoimento permanecia sob sigilo até a noite desta sexta. Depois começou a busca de câmeras de segurança em locais por onde o veículo pudesse ter trafegado. "Filmagens de monitoramento capturadas momentos antes do crime mostram o investigado [Roberto] em companhia da vítima", diz trecho da decisão.

As imagens foram fundamentais e colocaram Roberto numa contradição direta: ele não mencionou no depoimento, afinal, que esteve com Claudia momentos antes de seu desaparecimento.

"É importante destacar que o investigado, ao ser ouvido pela autoridade policial, omitiu essa importante circunstância do fato", escreveu Bonini ao autorizar a prisão de Franceschetti.

Mais do que isso, a Civil buscou também informações sobre o sigilo telefônico de Roberto. Sabe-se que há ligações feitas no momento do episódio, mas não foi isso exatamente que o complicou.

Nas investigações, o delegado triangulou o sinal do celular do presidente através da Estação Rádio Base (ERB), popularmente conhecida como torre de telefonia, e descobriu que o aparelho do presidente respondia naquele momento justamente à torre que atende à região onde o carro foi encontrado.

"O investigado estava nas proximidades do local onde o carro ocupado pela vítima acabou sendo abandonado, no horário em que câmeras de segurança registraram o abandono do veículo", destacou o magistrado. "Presentes, portanto, os indícios de autoria", complementou.

Além da prisão de Franceschetti, a decisão também autorizou busca e apreensão na residência do presidente afastado da Apae e também nos gabinetes da própria entidade.

Ainda foram autorizadas diligências nesse sentido num sítio de Roberto localizado em Arealva. O juiz autorizou ainda que os equipamentos de Roberto sejam periciados.

"Diante da necessidade de acesso ao conteúdo das mensagens, impõe-se o afastamento do sigilo [telemático], visando a apuração das infrações penais que são objeto da investigação, razão pela qual defiro o requerimento, e autorizando perícia oficial nos celulares que forem apreendidos, com acesso aos dados e às mensagens de WhatsApp", afirmou.

CUSTÓDIA

Em audiência de custódia realizada na manhã desta sexta-feira (16), foi mantida a prisão de Roberto Franceschetti Filho, principal suspeito pelo desaparecimento da secretária-executiva da Apae Bauru Claudia Regina Rocha Lobo.

A Polícia Civil já trabalha o caso como homicídio e segue em busca do corpo dela. Ela seguia desaparecida até a noite de sexta-feira (16). Por enquanto, não há indícios de que haja uma segunda pessoa envolvida na ocorrência, informou o delegado titular da 1.ª Delegacia de Investigações Gerais (1.ª DIG) da Deic de Bauru, Cledson Luiz do Nascimento.

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