Em cada eleição, há um fator decisivo que pesa mais na balança dos eleitores. Nos últimos anos, aconteceram mudanças significativas nesse critério: primeiro, a aposta nos "outsiders", figuras que surgiram fora do círculo político tradicional e venceram se apresentando como "gestor". Na eleição seguinte, depois da decepção com boa parte dos "outsiders", houve a retomada dos políticos mais experientes que voltaram a ser os preferidos. Porém, ambos os caminhos deixaram um rastro de frustração. Agora, com uma nova eleição batendo à porta, um novo mandamento se impõe: a autenticidade.

O consultor político Kleber Santos, especialista em Neurociência Política e autor do livro "Entre Para Ganhar", afirma que o cenário eleitoral atual é moldado por um desejo profundo de sinceridade. "O eleitor está cansado de discursos vazios e promessas não cumpridas", diz Kleber. "Desta vez, ele não quer saber se o candidato é novo ou experiente. O que ele quer é confiar que está ouvindo a verdade."

As pesquisas qualitativas e comportamentais apontam para essa nova tendência: a autenticidade será o diferencial. A imagem do candidato, a percepção de sua sinceridade e a capacidade de estabelecer uma conexão emocional genuína com o eleitor podem ser mais influentes do que as próprias propostas políticas. Segundo Kleber Santos, o eleitor de hoje é movido por um desejo visceral de confiança. "Se o candidato não conseguir transmitir essa autenticidade, dificilmente conquistará o voto", afirma.

Para muitos eleitores, a figura do candidato se tornou mais importante do que suas ideias. Em um ambiente político onde a desconfiança nas instituições é crescente, o personalismo ganha força. O eleitor quer votar em alguém que parece real, alguém em quem ele possa acreditar. E é exatamente aí que a autenticidade entra como fator decisivo. "A imagem do político autêntico, que se mostra verdadeiro e próximo do povo, é a chave para vencer essas eleições", observa o especialista em neurociência política.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Com a crescente presença da inteligência artificial nas campanhas eleitorais, a percepção de autenticidade ganha ainda mais peso. O uso de tecnologias avançadas para criar conteúdo pode acabar gerando desconfiança. Por outro lado, a obrigatoriedade de identificar conteúdos produzidos por IA pode fazer com que o eleitor valorize ainda mais as interações genuinamente humanas.

Para Kleber Santos, dominar a linguagem não verbal, microexpressões e gestos que transmitam sinceridade será crucial. "Não basta falar, é preciso demonstrar", explica. Candidatos que conseguem manter uma comunicação clara, direta e sem ambiguidades, mostrando um histórico consistente e engajamento real com as questões que afetam o eleitor no atual contexto político da cidade, terão uma vantagem significativa. "O eleitor está atento, ele quer ver coerência entre o que o candidato diz e faz", completa.

As redes sociais, nesse cenário, surgem como uma ferramenta poderosa. Elas oferecem ao candidato a oportunidade de mostrar sua autenticidade de forma direta e pessoal. "Vídeos, lives, interações reais - tudo isso conta", diz Santos. No entanto, ele faz um alerta: "O uso excessivo e artificial das redes pode ter o efeito oposto. O que conta é passar verdade e transparência."

LINGUAGEM DO CORAÇÃO

Em resumo, para conquistar o voto em 2024, ser autêntico não é apenas uma opção, é uma necessidade. Os candidatos que conseguirem transmitir essa autenticidade, que forem percebidos como sinceros, confiáveis e verdadeiros, estarão em grande vantagem. Como conclui Kleber Santos: "Neste ano, mais do que nunca, vencerá quem conseguir convencer o eleitor de que está realmente falando a verdade".