A estiagem prolongada e as temperaturas acima do esperado no inverno de 2024 em Bauru e região têm gerado preocupação quanto à ocorrência de queimadas. Somente no primeiro semestre deste ano, de acordo com a CPFL Paulista, 37 interrupções no fornecimento de energia no município foram provocadas pelo fogo.
São dois casos a mais do que o total contabilizado no mesmo período do ano passado. Em toda a região, foram 108 paralisações no abastecimento causadas por incêndios de janeiro a junho de 2024, 18% mais que os 91 casos computados nos seis primeiros meses de 2023, mostram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados pela concessionária.
"As queimadas, muitas vezes provocadas de forma criminosa ou para preparar terrenos agrícolas, são impulsionadas pelos ventos e têm efeitos agravados quando atingem linhas de transmissão e redes de distribuição de energia. Isso ocorre tanto em áreas rurais quanto urbanas. Além disso, incêndios podem ser gerados a partir da queima de lixo ou pontas acesas de cigarros jogadas próximas a vegetação seca", explica Carlos Eduardo Camargo, consultor de relacionamento da CPFL Paulista.
A concessionária destaca que, para causar interferências ou danos na rede elétrica, as chamas não precisam necessariamente alcançar os cabos de energia. O calor do fogo gera um campo ionizado ao redor da fiação, podendo provocar curtos-circuitos e desligar as linhas ou até rompê-las, paralisando o fornecimento.
Conforme o JC divulgou, o volume de chuvas em Bauru em janeiro foi 30% inferior à média esperada. Já em fevereiro, foi 34,5% abaixo, 74,8% menos em maio, 98,2% inferior em junho e 41% abaixo em julho. Em relação às temperaturas, cinco dos sete primeiros meses do ano - excetuando janeiro e julho - foram os mais quentes de toda a série histórica de medições da estação automática do Centro de Meteorologia de Bauru (IPMet), iniciada em 2001.
Diante dos impactos em Bauru e região, o grupo CPFL Energia reforça sua atuação para conscientização sobre o tema, como, por exemplo, a campanha "Guardião da Vida". "Temos como missão alertar as pessoas sobre a segurança com a rede elétrica e a qualidade da energia distribuída. Em períodos de seca como o atual, as queimadas afetam diretamente o meio ambiente e podem prejudicar a saúde das pessoas, além de interferir no fornecimento de energia e gerar riscos de acidentes" afirma Raphael Campos, gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da CPFL Energia.
Lei mais dura
A recorrência de queimadas em Bauru, inclusive, levou a Câmara Municipal a derrubar, no fim do mês passado, o veto da prefeita Suéllen Rosim ao projeto de lei do vereador Júnior Lokadora que endurece regras e punições contra este tipo de ocorrência na zona urbana. Em sua argumentação, a mandatária apontou que o texto é inconstitucional por invadir competência do Poder Executivo, além de tratar de matéria já normatizada no município, por meio de decretos que não foram revogados antes da apreciação do projeto de lei.
Para a Comissão de Justiça da Câmara, porém, as razões do veto do governo não têm amparo legal. O projeto considera infratores "os proprietários do imóvel, o responsável legal ou contratual, mandantes, ou quem, por qualquer meio, concorra para a infração" e prevê ser "responsabilidade do proprietário, possuidor ou ocupante de imóveis eliminar todas as condições capazes de propiciar focos de incêndios ou sua propagação para os imóveis vizinhos".
Entre as punições previstas, estão advertência e multa com valor mínimo de 23 unidades fiscais de São Paulo (UFESPs), hoje fixada em R$ 34,26, com possibilidade de acréscimo de 10% em caso de reincidência ou se as queimadas ocorrerem em épocas de seca, à noite, em domingos ou feriados. O valor pode ser dobrado se o foco ocorrer em área de preservação permanente ou outras áreas ambientalmente protegidas.
Serviço
Ao identificar um foco de incêndio, a CPFL orienta a população a acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros e as autoridades competentes. Em caso de falta de energia ou de incêndio sob a rede elétrica, a população deve entrar em contato com os canais de atendimento da CPFL Paulista: 0800 010 10 10, www.cpfl.com.br, aplicativo "CPFL Energia", WhatsApp (19) 99908-8888 ou SMS 27351.
