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Chico Buarque lança novo livro com título “Bambino a Roma”


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Relação de Chico Buarque com a Itália é sobretudo afetiva. Vencedor do prêmio Camões, autor volta sete décadas no tempo
Relação de Chico Buarque com a Itália é sobretudo afetiva. Vencedor do prêmio Camões, autor volta sete décadas no tempo

"Que gente longe viva na lembrança/ que gente triste possa entrar na dança/ que gente grande saiba ser criança", cantarolava Chico Buarque lá num dos primeiros sucessos de sua carreira, em 1966. Mais de meio século depois, é pela literatura que ele se lembra de gente de longe, ensaia seus primeiros passos de valsa e mostra que nunca se esqueceu de seus tempos de menino. Ou melhor, de "bambino".

O vencedor do prêmio Camões, aos 80 anos, volta sete décadas no tempo no livro "Bambino a Roma", que será lançado na próxima semana mostrando sua infância de calças curtas na capital italiana. Quem conhece a obra de Chico sente as inspirações do país na sensação infantil "Os Saltimbancos", baseada na peça de Sergio Bardotti, e no disco "Per un Pugno di Samba", quando traduziu composições suas como "Sonho de um Carnaval", do começo deste texto, com arranjos de Ennio Morricone.

O disco foi lançado em 1970, durante sua segunda estada mais longa na Itália, exilado por causa da ditadura militar. É um período que o autor costuma querer deixar para trás. Por que, então, voltar ao país nessa obra de maturidade? A influência da Itália sobre Chico é sobretudo afetiva, dizem os especialistas Tom Cardoso, autor de "Trocando em Miúdos: Seis Vezes Chico", e André Simões, de "Chico Buarque em 80 Canções". Lá, sua família morou por cerca de três anos enquanto o pai, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, dava aulas de estudos brasileiros na Universidade de Roma. Naquele ano de 1953, quando desembarcou com mulher e filhos no sul da Europa, ele já era o intelectual celebrado por "Raízes do Brasil", cuja tradução o menino Chico encontra por acaso, maravilhado, numa livraria italiana durante "Bambino a Roma".

Antes de mergulhar mais a fundo, é preciso notar que esta não é uma autobiografia, segundo frisam o autor e a sua editora. Chico não quis dar entrevista para se explicar, mas a capa do livro imprime a palavra "ficção" em caixa alta, mesmo com coincidências factuais reconhecíveis por qualquer um que saiba o mínimo de sua biografia. "Não se trata de um livro de memórias, mas uma ficção a partir da memória", diz Luiz Schwarcz, diretor e editor da Companhia das Letras. "Mesmo fatos reais são narrados com recursos ficcionais e há partes puramente ficcionais. Classificar o livro como 'memórias' seria enganar o leitor." Deixemos que o "Bambino a Roma" circule como quiser.

Ao acompanhar as aventuras do garoto, é difícil não lembrar o "Amarcord" de Fellini, o "Cinema Paradiso" de Tornatore ou os "Ladrões de Bicicleta" de De Sica. É um tipo de nostalgia que permite entrever uma nova intimidade de Chico: aqui ele se liberta para comentar o que dá na telha. É tentador, afinal, ler tudo o que Chico escreveu desde sempre como o sonho de um Carnaval.

Bambino a Roma

Quando: Lançamento em 1º de agosto
Preço: R$ 79,90 (168 págs.); R$ 29,90 (ebook)
Autoria: Chico Buarque
Editora: Companhia das Letras

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