OPINIÃO

Inflação sobe 0,21% em junho

Por Reinaldo Cafeo |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,21% em junho na comparação com o mês de maio deste ano. Os dados do IBGE apontam que o grupo Alimentação e Bebidas continua sendo o "vilão" da inflação brasileira à medida que apresentou elevação de 0,44% no período e pesou 0,10 ponto percentual no índice, ou seja, quase 50%.

A boa notícia é que a variação do mês de junho foi menor do que a de maio, quando os preços, na média, subiram 0,62%.

Com o resultado de junho a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 4,23%, dentro do limite máximo estabelecido como meta que é 4,5% (3% como centro da meta, podendo variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo). Neste ano o IPCA acumula 2,48% de alta.

Apesar dos problemas advindos das enchentes do Rio Grande do Sul, com redução de oferta de inúmeros produtos, principalmente os do setor primário da economia, a inflação está sob controle (alguns grupos pesquisados, compensaram a alta do grupo Alimentação e Bebidas). Isso é fruto do trabalho sério do Banco Central que, com sua necessária autonomia, tem tomado decisões técnicas, sendo um contrapeso a falta do rigor fiscal por parte do Executivo Federal.

Mesmo com o índice de junho vindo abaixo do esperado por nós economistas, ainda pairam dúvidas do quanto a recente elevação na cotação do dólar irá impactar nos preços daqui para frente, bem como, de que maneira a economia irá absorver os recentes aumentos nos preços da gasolina e do gás de cozinha.

Devido ao tamanho dos juros nos Estados Unidos (que atrai capital do mundo todo, inclusive do Brasil), do eventual descontrole das contas públicas brasileira, do impacto do dólar nos preços internos, a previsão é que a taxa de juros ainda se mantenha elevada por aqui.

A posição conservadora do Banco Central na execução da política monetária é antidoto é à ausência de uma política fiscal austera por parte do Executivo Federal. É fato que este comportamento inibe crescimento econômico mais acentuado, mas também é fato que o controle inflacionário deve ser prioritário, afinal, preços elevados prejudicam fortemente os mais pobres que perdem seu poder compra, reduzindo sua capacidade de compras, precarizando o consumo de bens e serviços.

A inflação tem que se contida de todas as formas, apesar de alguns, diria "leigos em economia", acreditarem que uma pequena inflação ajuda nas contas públicas e estimula o setor produtivo. A estes, vale lembrar a frase emblemática: "pequena inflação, é semelhante a pequena gravidez". Definitivamente no Brasil não há espaço para qualquer afrouxamento no controle inflacionário.

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