
O prédio do Departamento de Saúde Coletiva (DSC), vinculado à Secretaria de Saúde de Bauru e cujo quarto andar está interditado depois que o ar-condicionado do piso explodiu, contém inadequações, aponta laudo do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) ao qual o JC teve acesso.
O documento foi elaborado a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), que instaurou um procedimento investigatório para acompanhar o caso após denúncia do Sindicato dos Servidores Municipais (Sinserm), representado pelo advogado José Francisco Martins.
A explosão ocorreu no final de março deste ano em duas salas do quarto piso, mas só veio a público em 10 de abril após denúncia do sindicato. Ao todo, 90 pessoas trabalham no prédio, 16 das quais no andar onde houve o incidente.
No momento da explosão havia três trabalhadores no local, que não se feriram. Uma servidora, porém, está afastada por problemas emocionais decorrentes do episódio.
Na inspeção, realizada em 10 de abril, o Cerest solicitou uma série de documentos a respeito da infraestrutura do local. O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), por exemplo, está vencido desde 11 de dezembro de 2023.
A Prefeitura chegou a pedir renovação do AVCB e o Corpo de Bombeiros realizou vistoria no dia 21 do mesmo mês - 10 dias depois, portanto. Mas não liberou o laudo: segundo consta, os bombeiros comunicaram o governo sobre inadequações no local que deveriam ser sanadas, mas as adequações não foram feitas até o dia da explosão, quatro meses depois.
A corporação afirmou, entre outras coisas, que "havia ocupações no subsolo que não constam do projeto original", "abrigos de hidrante sem mangueira" e "dispositivo de recalque sem junta de união do tipo engate rápido".
Em nota encaminhada ao JC, a prefeitura afirmou que não teve acesso ao laudo do Cerest e que "durante a vistoria do Corpo de Bombeiros, realizada em dezembro de 2023 no prédio do DSC, membros da diretoria da Saúde acompanharam a inspeção, momento em que nenhuma irregularidade foi repassada pela corporação". A suspeita é de que o incêndio tenha se originado por problemas na parte elétrica do prédio. A Saúde chegou a pedir à Secretaria de Obras que destacasse um engenheiro eletricista para avaliar as condições do imóvel, mas não havia obtido resposta até a conclusão do laudo. "Identificamos que há necessidade da avaliação técnica de engenheiro eletricista, não somente para avaliar o 4º andar, mas o prédio como um todo, apresentando dimensionamento de equipamentos e trabalhadores que laboram no local", afirma o Cerest.
Desde o acontecimento, servidores que trabalham no imóvel estão trabalhando sem climatização. Os equipamentos de ar-condicionado só poderão voltar a ser ligados após autorização de profissional qualificado na área.