ENTREVISTA

Luiz Carlos Izzo Filho; Educação, trabalho e fé como alicerce

Novo presidente da Assenag, ele pavimentou trajetórias profissional e pessoal bem-sucedidas, sempre conduzidas por determinação e fé

Por Tisa Moraes | 21/04/2024 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação

Tisa Moraes

Luiz Carlos Izzo Filho: conhecimento transforma a realidade
Luiz Carlos Izzo Filho: conhecimento transforma a realidade

Novo presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Bauru (Assenag), Luiz Carlos Izzo Filho, 57 anos, possui uma trajetória pessoal e profissional bem-sucedida, mas não sem adversidades. Para enfrentá-las, ele pavimentou seu caminho tendo como alicerce os estudos, a determinação e a fé.

Nascido em Adamantina, começou a trabalhar aos 14 anos com o pai, dono de uma empresa que executou grandes obras públicas, mas acabou quebrando. Ciente de que o conhecimento poderia transformar sua realidade, Luiz Carlos passou a dividir seu tempo entre o trabalho e os estudos.

Concluiu sua primeira graduação, em administração com sistema de informação, em Bauru, e nunca mais parou. Formou-se em engenharia civil e fez diversas pós-graduações. Está, inclusive, cursando uma nova e ainda dá conta de suas atividades como consultor de construtoras, perito judicial e dono de uma empresa de construção civil.

Além disso, ministra treinamentos a engenheiros e aulas em duas faculdades, o que reflete sua crença no poder que o aprendizado tem. A história de resiliência de Luiz Carlos contou com um novo capítulo recentemente, quando foi diagnosticado com um linfoma agressivo que quase o levou à morte.

Neste momento, a fé em Deus e o apoio da esposa Nágela, do filho Nicolas e da enteada Maria foram fundamentais. Nesta entrevista, o engenheiro relembra suas conquistas e dificuldades, fala dos planos à frente da Assenag e como vencer o câncer mudou sua forma de enxergar a vida.

JC - Qual é sua meta na presidência da Assenag e desde quando está na diretoria?

Luiz Carlos - Quero promover maior interação com as faculdades para desenvolvermos trabalhos juntos. A ideia é valorizar as pessoas que construíram a associação até aqui e agregar valor para que as que estão se formando tenham vontade de fortalecer a entidade junto com o Crea. Estamos, por exemplo, terminando de montar um espaço de coworking muito bonito. A ideia é trazer novidades para o recém-formado sentir que a associação agrega valor na sua profissão. E estou há seis anos na diretoria. Entrei como diretor cultural e, depois, fui vice-presidente de Engenharia. Fazia muito a integração com o Crea, porque, até novembro, era chefe da inspetoria do conselho, planejando e apoiando fiscalizações aos profissionais. Atualmente, sou coordenador adjunto da Comissão de Aprovação e Apoio a Parcerias do Crea estadual, mas fiquei um ano afastado.

JC - Por qual motivo?

Luiz Carlos - No fim de 2022, fui diagnosticado com linfoma de manto, um câncer muito agressivo e com baixa chance de cura. Surgiram caroços em várias partes do corpo e, em 15 dias, tinha perdido 10 quilos. Muitos médicos me ajudaram, comecei a ter acompanhamento de uma nutricionista e comecei a quimio, que foi mudada em janeiro por especialista de São Paulo. Fiz tratamento por seis meses e, em junho, fiz transplante autólogo (com as próprias células) de medula óssea. Só que peguei dengue em uma transfusão de sangue e, como estava com nível de plaquetas baixo, tive dengue hemorrágica. Fiquei um mês no hospital e precisei de 26 transfusões Quase morri, mas nunca reclamei. Eu enfrentei.

JC - Em algum momento, pensou que poderia não se recuperar?

Luiz Carlos - Achei que ia falecer, porque fiquei muito ruim no hospital, não tinha forças para levantar. Mas passar por tudo isso mudou minha forma de enxergar a vida. Tenho um filho fazendo Direito na Unesp de Franca, uma enteada cursando medicina em Ribeirão Preto e pensei muito neles e na minha esposa. Foi muito sofrido, mas Deus te coloca acima da dor. Aprendi a dar menos importância aos pequenos problemas e valorizar mais as coisas boas da vida.


JC - Voltando ao passado, por que veio morar em Bauru?

Luiz Carlos - Primeiro, eu fui morar em São Paulo com minha mãe e, depois, em Piracicaba para fazer faculdade de administração com sistema de informação. Mas minha mãe abriu uma padaria em Bauru, então, vim para cá para ajudá-la e terminei o curso na ITE. Eu já tinha começado engenharia mecânica em 1988, mas não tive dinheiro para terminar. Meu pai trabalhava com construção, com obras públicas grandes, e atuei com ele um bom tempo, mas ele acabou quebrando. Quando vim a Bauru, terminei administração e passei em um concurso na Emdurb, onde fiquei por oito anos. Saí de lá como gerente de TI, fui para a Servimed e lá fiquei nove anos coordenando a estrutura de TI. Nesse período, fui cursar engenharia civil à noite, na Unip.

JC - Foi quando focou na construção civil?

Luiz Carlos - Sim. Fui trabalhar na Prata e, depois, abri uma empresa de consultoria em engenharia. Hoje, presto serviço para seis construtoras em Bauru e duas em Marília, fazendo vistoria cautelar nos imóveis do entorno antes do início de uma obra, inspeção de prédios depois de entregues. E, como autônomo, faço perícia de imóveis para o Tribunal de Justiça, avaliando, por exemplo, se têm problemas construtivos. E tenho minha empresa de construção, que está tocando, atualmente, duas obras e vai começar uma terceira.

JC - E ainda sobra tempo para dar treinamentos e aulas?

Luiz Carlos - Sim. Dou treinamentos online para engenheiros civis formados no Estado todo, por meio das associações. Como passei muita dificuldade no passado, tive que trabalhar para custear meus estudos e cheguei a comer pipoca por uma semana por não ter dinheiro, nunca parei de me atualizar. Prometi que não iria passar fome novamente e fui estudar, porque conhecimento ninguém tira de você. Então, fiz especialização em perícias e avaliações, gerenciamento de projetos, estruturas e fundações, sistemas de informação para internet e, agora, estou fazendo em segurança do trabalho. Além dos treinamentos, dou aulas na FIB e, uma vez por semana, na Eduvale, em Avaré. Fui, ainda, professor da Unip na pós-graduação, mas parei quando fiquei doente. Ser professor é um prazer e uma missão que tenho, de transmitir conhecimento e formar profissionais.

O QUE DIZ O ENGENHEIRO

'Fiquei um mês no hospital e precisei de 26 transfusões. Quase morri, mas nunca reclamei. Eu enfrentei'

'Aprendi a dar menos importância aos pequenos problemas e valorizar mais as coisas boas da vida'

'Prometi que não iria passar fome novamente e fui estudar, porque conhecimento ninguém tira de você'

Com sua mãe Shirlei Vendramini Maranha
Com sua mãe Shirlei Vendramini Maranha
Presidente da Assenag com a enteada Maria, a esposa Nágela e, acima, o filho Nicolas
Presidente da Assenag com a enteada Maria, a esposa Nágela e, acima, o filho Nicolas
Luiz Carlos é consultor de construtoras, perito judicial e dono de uma empresa de construção civil
Luiz Carlos é consultor de construtoras, perito judicial e dono de uma empresa de construção civil
Luiz Carlos Izzo Filho em uma das obras que atuou
Luiz Carlos Izzo Filho em uma das obras que atuou

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