BEM ESTAR & CIA

Tem como reduzir a raiva?

Gritar, correr e bater não estão entre as melhores táticas, aponta estudo

14/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Os pesquisadores analisaram 154 estudos para determinar a forma mais eficaz de reduzir a raiva
Os pesquisadores analisaram 154 estudos para determinar a forma mais eficaz de reduzir a raiva

Quem nunca pensou em bater em um saco de pancadas ou correr uma meia maratona com música no último volume quando está estressado, com raiva ou querendo fazer algo para desabafar? Porém, segundo um estudo da Universidade Estadual de Ohio, estes podem não ser os melhores caminhos.

De modo geral, existem duas maneiras de controlar a raiva: envolver-se em atividades que aumentem a excitação física - correr, gritar, desabafar, socar sacos de pancadas - e envolver-se em atividades que diminuam a excitação, como controlar a respiração, praticar ioga, se acalmar. Segundo os pesquisadores, a segunda é a melhor e mais eficaz para controlar a raiva.

"É muito importante acabar com o mito de que se você está com raiva, você deve tirar isso do peito. Desabafar pode parecer uma boa ideia, mas não há um pingo de evidência científica para apoiar a teoria de catarse", afirma Brad Bushman, professor de comunicação na OSU e co-autor do estudo.

Na teoria psicanalítica,catarse é a liberação de emoções reprimidas como raiva, frustração ou tristeza por meio de expressões verbais e físicas.

Sigmund Freud a usou como uma técnica terapêutica para liberar os efeitos paralisantes associados a memórias traumáticas e negativas.

Os pesquisadores analisaram 154 estudos para determinar a forma mais eficaz de reduzir a raiva. Ao todo, mais de 10 mil pessoas de diferentes sexos, idades, raças e culturas participaram.

Algumas análises anteriores se concentraram no uso da terapia cognitivo-comportamental para mudar o significado mental de uma pessoa.

Os investigadores consideraram que focar-se na excitação preencheria uma lacuna na compreensão de como resolver a raiva de forma eficaz.

Esportes com bola diminuem a agitação

Segundo o estudo, as atividades que aumentavam a agitação eram geralmente ineficazes na redução da raiva, produzindo uma gama complexa de resultados.

Correr, em particular, foi o que teve maior probabilidade de aumentar a raiva, enquanto as aulas de educação física e a prática de esportes com bola, como futebol, vôlei, basquete e outros, por exemplo, tiveram um efeito de diminuição da excitação.

Os pesquisadores sugeriram que isso ocorreu porque este último introduziu um elemento lúdico que pode contrariar as emoções negativas.

"Certas atividades físicas que aumentam a excitação podem ser boas para o coração da pessoa, mas definitivamente não são a melhor maneira de reduzir a raiva. É realmente uma batalha porque as pessoas irritadas querem desabafar, mas nossa pesquisa mostra que qualquer sentimento bom que temos ao desabafar, na verdade, reforça a agressão", explica Brad Bushman.

'Ioga pode ser mais estimulante do que a meditação'

Os pesquisadores foram parcialmente inspirados pelo aumento da popularidade das "salas de raiva", nas quais as pessoas quebram coisas como vidros, pratos e eletrônicos para lidar com sentimentos de raiva. "Queríamos mostrar que reduzir a excitação e, na verdade, o aspecto fisiológico dela, é realmente importante", diz Sophie Kjærvik, autora do estudo. Os resultados mostraram que as atividades que diminuem a excitação foram mais eficazes na redução da raiva em ambientes de laboratório e no campo, usando plataformas digitais ou instrução presencial, em grupos e individuais em múltiplas populações: estudantes universitários e não estudantes, pessoas com e sem antecedentes criminais e outras com e sem deficiência intelectual. "Foi interessante ver que o relaxamento muscular progressivo e o relaxamento em geral podem ser tão eficazes quanto abordagens como a atenção plena e a meditação. E a ioga que pode ser mais estimulante do que a meditação e a atenção plena, ainda pode acalmar e tem efeito semelhante na redução da raiva. Hoje em dia, todos lidamos com estresse e precisamos de formas de lidar com isso. Mostrar que as mesmas estratégias que funcionam para o estresse também funcionam para a raiva é benéfica".

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