ALERTA NA SAÚDE

Hospitais públicos do município de Bauru registram lotação

UTIs do Estadual e Hospital de Base registraram 100% de ocupação nesta semana; saturação do primeiro perdura há meses

Por Tisa Moraes | 13/04/2024 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação

Divulgação

UTI do Hospital Estadual tem ficado frequentemente sem vagas neste ano; em fevereiro, paciente grave teve vaga negada, veja mais no final
UTI do Hospital Estadual tem ficado frequentemente sem vagas neste ano; em fevereiro, paciente grave teve vaga negada, veja mais no final

Dois dos hospitais públicos de Bauru estão 100% dos leitos de UTI ocupados e com quase a totalidade dos leitos de enfermaria tomados, em meio à epidemia de dengue e alta de casos de Covid-19. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), no último dia 10, o Hospital de Base (HB) registrava taxa de 100% de ocupação da enfermaria e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Já o Hospital Estadual (HE) estava com os leitos de UTI adulto e pediátrica 100% tomados e os de enfermaria funcionando com 92% da capacidade. No Hospital Manoel de Abreu, 91% dos leitos de clínica médica estavam ocupados e, na Maternidade Santa Isabel, a taxa de internação obstétrica e cirúrgica era de 93%, as de internação neonatal, de 69%; os leitos operacionais (clínicos), de 91%; e os leitos auxiliares, de 59%.

Cerca de 20 dias antes, ainda em março, a situação do HE e HB era um pouco menos crítica, mas não muito diferente da atual. No dia 22, o Estadual estava com os leitos de UTI adulto 100% ocupados. Já a UTI pediátrica funcionava com 66% da capacidade e a enfermaria, com 86%. No Hospital de Base, os leitos de UTI estavam 85,71% tomados e a taxa de ocupação da enfermaria era de 79,17%.

Nesta sexta-feira (12), 45 pacientes aguardavam, em UPAs ou no Pronto-Socorro Central, por vagas de internação hospitalar, incluindo uma mulher de 62 anos, cuja vaga foi solicitada via Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) da SES no último dia 5. O cenário já era preocupante em fevereiro, quando um paciente de 36 anos, com suspeita de infecção gastrointestinal grave, precisou de leito de internação no HE.

O pedido foi feito pela Cross no dia 8 daquele mês e, até o dia 11, o homem ainda aguardava vaga na UPA Geisel. "Estamos com ocupação da UTI e enfermaria em 100%. Não temos disponibilidade e espaço físico para receber novos pacientes, não contamos com leito de emergência/observação. Estamos com 11 vaga zero aguardando leito na origem", informou uma funcionária do hospital, em um documento a que o Jornal da Cidade teve acesso.

A vaga zero, em teoria, existe para garantir acesso imediato aos leitos a pessoas com risco de morte ou sofrimento intenso. O caso foi judicializado e a família do paciente obteve mandado de segurança para assegurar sua internação. Infelizmente, ele acabou morrendo no início de abril.

A lotação ocorre em meio a um cenário de epidemia de dengue e alta nos casos de Covid-19. Nos 68 municípios que abrangem o Departamento Regional de Saúde (DRS) 6, área em que o HE e HB são unidades hospitalares de referência para internações, foram registrados, neste ano, 5.295 casos de Covid-19 - sendo 505 somente nesta semana - e 30 mortes. Já os casos de dengue em 40 municípios da região chegaram a 26.122 nesta sexta-feira, com 28 óbitos.

HE fica sem um tipo de remédio a transplantados

Nesta semana, o Hospital Estadual estava sem estoque do remédio Tacrolimo, na dosagem de 1 mg, utilizado por pacientes transplantados para reduzir o risco de rejeição do órgão recebido. Por conta da falta, a uma mulher de 51 anos, mãe de uma paciente de 21 anos, não teve acesso à medicação e foi orientada a obter um novo receituário, de comprimidos de 5 mg.

Ela foi até Botucatu, onde o transplante havia sido feito, obteve a nova receita e retornou na última quarta-feira (10) ao HE. Após 4 horas de espera, foi informada de que um médico especialista precisaria analisar o novo receituário, com possibilidade de liberação do Tacrolimo após seis dias. A mãe informou sobre a urgência do caso, já que a filha estava sem medicação, sem sucesso. Ela registrou boletim de ocorrência.

Em nota, o HE informou que o medicamento foi entregue na quinta-feira e que os procedimentos para troca, renovação ou alteração de medicamentos de alto custo devem ser avaliados pelo médico auditor em quatro dias úteis, conforme os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde.

NA REGIÃO

No fim de março, a Santa Casa de Jaú informou à Cross estar com superlotação de pacientes e no limite do quadro humano e de materiais. Além de pacientes de média e alta complexidade, a epidemia de dengue no Estado contribuiu para a sobrecarga no atendimento. Por meio de nota, o DRS de Bauru informou estar verificando junto à Cross a ampliação de buscas por vaga para os pacientes da Santa Casa. "Além disso, em 2024, o IGM SUS Paulista destinará R$ 37.211.110,00 aos 68 municípios do DRS, com repasse per capita variando entre R$ 15,00 e R$ 40,00. Esse incentivo contribuirá de forma concreta para a melhoria da atenção primária à saúde da região", ressaltou.

Também em Jaú, o Hospital Thereza Perlatti é outra unidade com dificuldade na oferta de vagas de internação. De acordo com Rose Lopes, membro do Conselho Municipal de Saúde, até o final do mês passado, o repasse de recursos do governo do Estado referente a fevereiro ainda não havia sido feito e o hospital suspendeu novas internações, com risco de precisar reduzir sua capacidade de atendimento a 30%. Na época, um morador de Bauru com diagnóstico de esquizofrenia chegou a ficar mais de dez dias na UPA Ipiranga aguardando vaga, até ser transferido ao Centro de Atenção Integral à Saúde Clemente Ferreira, em Lins. Em nota, o DRS informou que o repasse de fevereiro foi regularizado e os demais estão em tratativas. "Assim que foi notificado pela unidade sobre a suspensão das internações, o DRS começou a trabalhar para ampliar a oferta de leitos junto ao Manoel de Abreu, Clemente Ferreira, Sarad e Cantídio".

Em fevereiro, paciente grave teve vaga negada no Estadual, que registrava 11 ‘vagas zero’ aguardando leito (crédito: Divulgação)
Em fevereiro, paciente grave teve vaga negada no Estadual, que registrava 11 ‘vagas zero’ aguardando leito (crédito: Divulgação)

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