BAURU

Naic, uma aposta na ciência de ponta

Instituto de combate ao câncer fundado há mais de 20 anos em Bauru hoje conduz estudos clínicos de novas drogas contra a doença

Por André Fleury Moraes | 31/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

Divulgação

Oncologista Marcelo Bernardini Antunes, diretor do Naic
Oncologista Marcelo Bernardini Antunes, diretor do Naic

Não faz muito tempo, talvez algumas décadas, a descoberta de um câncer era sinônimo de sentença de morte. Hoje já não é bem assim. Que o diga o médico oncologista Marcelo Bernardini Antunes, diretor do Naic Instituto do Câncer, sediado no Núcleo Geisel, em frente ao Hospital Estadual (HE), em Bauru.

A entidade surgiu no final da década de 1990, fundada pelo pai de Marcelo, o também oncologista Carlos Eduardo Araújo Antunes. Foi uma homenagem à matriarca da família, Nair Antunes, que morreu justamente em decorrência de um câncer de mama.

"Isso começou com um sonho de meu pai de trazer para Bauru um serviço oncológico de qualidade", explicou Marcelo ao JC durante entrevista na sede do instituto na semana passada.

No início tudo era mais difícil. Marcelo, ainda um jovem estudante, lembra-se dos obstáculos enfrentados para levar o Naic a ser o que é hoje. "Eram poucos médicos, poucos departamentos e uma infraestrutura muito menor", conta.

Para além dessas dificuldades, havia ainda outra: o tabu em torno da doença. "Ninguém gostava de ir a um instituto do câncer", explica Marcelo. Ele não tem dúvidas de que essa percepção mudou. "Hoje as pessoas reconhecem a importância do tratamento", garante.

O Naic já surgiu inovador para uma cidade que até então não tinha os melhores tratamentos contra o câncer. Os equipamentos da época, mesmo que avançados, eram muito inferiores aos de hoje.

"Eram medicamentos e tratamentos com baixa eficácia, ao contrário do que temos hoje", afirma Marcelo, que seguiu o ramo do pai por conta própria. "Ele nunca me pediu", lembra.

Mas o Naic sempre esteve à frente nesse quesito: as tecnologias do instituto, sempre na vanguarda, continuam à frente. "Hoje, em muitos casos, os pacientes morrem por outras razões que não o câncer. O que antes era uma sentença de morte, atualmente pode ser uma doença crônica, com a qual você convive", ressalta. Isso não significa, observa Marcelo, uma garantia de cura.

Na primeira década dos anos 2000, Marcelo, já formado, foi aos Estados Unidos em busca de institutos especializados contra o câncer. Surpreendeu-se com o que viu. "Precisamos trazer para o Brasil, para Bauru", pensou. Começou a colocar o plano em prática.

Incorporou o Naic aos protocolos da indústria farmacêutica e hoje o instituto é autorizado a testar novas medicações ou tratamentos contra a doença. Isso significa que pode surgir dali, no Núcleo Geisel, um produto com potencial de ganhar o mundo.

"Devemos receber três novos estudos. Um deles contra o câncer de pulmão, que é muito agressivo. Trazer isso para a cidade, utilizando um medicamento via oral, pode se tornar mais uma arma para combater a doença a todo o centro paulista", explica.

Qualquer paciente pode se cadastrar para participar do estudo sem custo algum. "Basta que seu perfil corresponda aos protocolos do procedimento", pondera o oncologista.

Além da ciência de ponta, o Naic também tem outras preocupações. Uma delas é garantir ao paciente um tratamento humanizado - medida com a qual o instituto se preocupa desde a fundação.

É exatamente por isso que parte da área onde o Naic se situa hoje se tornou um canteiro de obras. No local está sendo construída uma casa de apoio aos pacientes com tratamentos interdisciplinares. "Teremos alimentação, banho, fisioterapia, psicoterapia e uma série de outras atividades", pontua.

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