Kevin Turner, atleta de futebol americano conhecido como “O especialista em colisão”, exibia as marcas em seu capacete. Depois foi diagnosticado com ELA ou Esclerose Lateral Amiotrófica, relacionada com as concussões cerebrais nos esportes nos últimos 15 anos. Em atletas, a necropsia revela ainda a ETC ou Encefalopatia Traumática Crônica, mais comum em pugilistas.
Os neurônios transmitem corrente elétrica como um fio, pelo seu longo prolongamento chamado axônio. Os íons seguem para frente e para trás durante a transmissão dos impulsos e mensagens normais do corpo. Em velocidade, quando se para abruptamente, as células cerebrais são alongadas, espremidas e retorcidas. Concussão é isto: uma parada súbita de um corpo em movimento, ou uma batida repentina em uma estrutura parada, como o cérebro. Mesmo que tenha um sistema de amortecimento para movimentos representado pelo líquor, um líquido que fica entre o cérebro e a calota.
Na concussão, as membranas celulares são destruídas e começam a vazar os íons para dentro e para fora das células de forma desorganizada. E o cérebro precisa restabelecer sua estrutura, mas para isto demora entre 7 e 10 dias. Imagine se durante este período o atleta sofre nova concussão no próximo ou no mesmo jogo. Há muitos estudos sobre tempo e qualidade de vida dos atletas no futebol americano, basquete, futebol e pugilismo.
NO JOGO, UM “REALITY”
A concussão pode ocorrer em outras partes com tecidos duros e moles em funções integradas, como ocorre com os dentes e ossos. Uma pancada como cabeçada durante uma partida de futebol pode fazer uma concussão em alguns dentes, com consequências silenciosas e tardias como alguns tipos de reabsorções.
O traumatismo dentário pode levar a fratura da coroa ou raiz. Na coroa pode quebrar o esmalte e/ou a dentina, podendo até expor a polpa sangrante. Na maioria dos traumatismos dentários não há fratura, mas ocorre a concussão dentária. O dente por segundos se mexe no osso em sua cavidade natural conhecida como alvéolo. Entre o osso e o dente tem-se uma fina membrana de tecido mole conhecida como ligamento periodontal ricamente vascularizada e inervada, com 0,25mm de espessura média.
Nessa concussão, vasos e nervos podem se romper justamente no local onde adentram no dente, necrosando a polpa, escurecendo-se a coroa em até um 1 ano. Na lateral da raiz, a concussão pode afetar a vitalidade do ligamento periodontal e de seus mecanismos que impedem o contato entre osso e raiz. Osso encostado em dente é anquilose alveolodentária e evolui para reabsorção da raiz e sua substituição por osso, a chamada reabsorção por substituição. A concussão nos dentes é insidiosa, sem sinais e sintomas imediatos.
No jogo Palmeiras e Botafogo, pelo campeonato paulista, o jogador Wallison nem deu cabeçada ou cotovelada, apenas pôs a mão aberta na boca de Rafael Veiga. As câmaras logo pegaram os dentes incisivos centrais fraturados na coroa como um “reality show”. Foi inevitável, os incisivos centrais sofreram também concussão e agora, já restaurados e radiografados, os dentes devem ser analisados clinica e radiograficamente a cada 3 meses por 1 ano, para (1º) saber se a polpa morreu e escureceu a coroa, quando precisa-se fazer o canal, e ou (2º) se a raiz sofreu anquilose e reabsorção por substituição, o que leva à perda do dente.
REFLEXÃO FINAL
Observem o capacete dos jogadores no futebol americano para evitar a concussão cerebral e também, a dentária. Nos demais esportes, sem esta proteção, os atletas podem ter concussões cerebrais importantes. Para os dentes, os mais precavidos usam o protetor, mas são poucos os atletas conscientes da importância desses aparelhos.
E nossas crianças e adolescentes os usam na prática dos esportes? E os pais, atletas de final de semana, também deveriam usar! Procure um profissional treinado, faça e use o protetor bucal quando for lutar, jogar futebol, praticar outros esportes e até ciclismo!
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