SAÚDE

Saúde do seu fígado merece muita atenção

Especialista alerta que 'meter o pé na jaca' pode trazer sérios problemas para o órgão

10/03/2024 | Tempo de leitura: 4 min

O famoso "enfiar o pé na jaca" pode ser mais perigoso para a saúde do fígado do que ingerir bebidas alcoólicas diariamente. Um estudo realizado por pesquisadores da China e do Reino Unido aponta que a farra alcoólica pode aumentar em até seis vezes o risco de cirrose hepática em pessoas com risco genético para a doença. Em quem sofre de diabetes tipo 2, o risco é ainda maior. A hepatologista Andreia Evangelista explica que o binge alcoólico é o consumo episódico e exagerado do álcool, muito comum em finais de semana, dias de jogos de futebol e festas. "O estudo aponta que o isso aumenta o risco de cirrose hepática e hepatite alcoólica. Ainda conforme o levantamento, esse comportamento é mais comum entre os homens, que não têm o costume de beber todos os dias e, sim, de uma a três vezes por semana, sem alimentação associada e sem intercalar o consumo com água, o que ajuda a proteger o organismo. Nestes casos, o consumo exagerado fica concentrado em pouco tempo, e os efeitos podem ser mais nocivos", alerta a especialista.

O National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism define o binge como a quantidade que eleva a concentração de álcool no sangue a 0,08 g por decilitro ou mais. "Em geral, este índice ocorre com a ingestão de quatro doses pela mulher e cinco doses pelo homem, no período de duas horas", salienta.

A especialista ressalta também que os riscos são aumentados para os portadores de doença subjacente do fígado, seja naqueles que já apresentam algum grau de lesão por etilismo ativo, ou mesmo uma doença hepática silenciosa ainda não diagnosticada, podendo levar a casos graves de hepatite alcoólica aguda ou descompensação da hepatopatia.

"Vale lembrar que o paciente com doença do fígado pode estar assintomático, apenas apresentando alteração dos testes em exame de sangue, como ocorre na maioria das doenças hepáticas. Mesmo aquele que não bebe durante a semana, mas tem doença do fígado diagnosticada ou não, pode agravar o quadro e descompensar, se beber de forma excessiva em curto período", alerta a médica.

ESTILO DE VIDA

4 Evite o consumo de álcool ou fazê-lo de forma moderada, o que equivale a uma dose por dia para mulher e duas para homens.

4 Sempre que possível, opte por coquetéis e bebidas sem álcool. Atualmente, existem diversas opções de cerveja, vinho e até mesmo destilados sem álcool.

4 A alimentação, em especial a gordura saturada e o açúcar podem prejudicar o fígado. Reduza o consumo de carne vermelha e processada, alimentos processados/embalados, pão branco e outros produtos de farinha branca, bebidas açucaradas e alimentos com muito sódio adicionado.

4 Aumente a ingestão de frutas, vegetais (especialmente vegetais de folhas verdes), grãos integrais, feijões, ervas e especiarias como açafrão.

4 Mexa-se. O exercício diminui o estresse no fígado, aumenta os níveis de energia e ajuda a prevenir a obesidade, uma das principais causas de doença hepática.

4 Durma bem. O corpo realiza muitas atividades reparadoras durante à noite, e isso inclui também o fígado. O ideal é ir para a cama entre 22h e 23h e acordar entre 6h e 7h, para que o fígado possa realizar suas funções necessárias de limpeza e descanso.

4 Assim como o álcool, a maioria dos medicamentos precisa ser processada pelo fígado. Paracetamol, estatinas, antibióticos, pílulas anticoncepcionais orais e antidepressivos podem afetar o funcionamento do órgão. É importante nunca exceder a dose indicada desses medicamentos e utilizá-los sob supervisão médica.

O ÓRGÃO

O fígado realiza mais de 500 funções e é um órgão vital. Funciona como fábrica de processamento, armazenamento e distribuição do corpo humano. Por isso, o órgão é conhecido como a "usina do corpo humano". Uma de suas principais funções é desintoxicar o organismo de todos os produtos químicos que consumimos, desde álcool e medicamentos até drogas e poluentes. Ele também armazena vitaminas, gorduras, açúcares e minerais até que o corpo precise deles e produz a bile, que decompõe as gorduras, para poderem ser absorvidas pelo organismo e nos ajuda a combater infecções. Portanto, é justo dizer que todos os outros sistemas corporais importantes dependem de um fígado que funcione bem. No entanto, as doenças do fígado, como cirrose e a esteatose hepática, estão se tornando cada vez mais comuns devido a hábitos ruins. Alguns especialistas costumam afirmar que o fígado é um órgão traiçoeiro. Por isso, em geral, quando os sintomas de problemas ligados a ele aparecem, a doença já está em idade avançada. No entanto, a nutricionista Libby Lemon, que trabalha na Pukka Herbs (empresa de chás britânica), destacou ao jornal Daily Mail sinais e sintomas que indicam estágios iniciais de doença hepática. São eles: olheiras não genéticas; urina escura; fadiga; dor, inchaço sob a caixa torácica inferior direita, onde fica o fígado; inchaço nas pernas e tornozelos; problemas de pele, como acne ou coceira em adultos; e fezes brancas ou gordurosas e fedorentas. A boa notícia é que o fígado tem uma alta capacidade de se regenerar e restabelecer sua condição normal após períodos de exagero.

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