AGRONEGÓCIO

Com mais de 400 adesões, evento da GPB em Pirajuí aponta desafios da pecuária no País

Por André Fleury Moraes | da Redação
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André Fleury Moraes
Da esq. à dir.: Edson Fernandes, Augusto Nunes, Evaristo Miranda, Lucas Bove, Ricardo Salles, Pedro Lupion e Oswaldo Furlan Júnior
Da esq. à dir.: Edson Fernandes, Augusto Nunes, Evaristo Miranda, Lucas Bove, Ricardo Salles, Pedro Lupion e Oswaldo Furlan Júnior

Um evento idealizado pela associação Grupo Pecuária Brasil (GPB) e realizado neste sábado (9) reuniu mais de 400 pecuaristas de várias regiões do País na Fazenda do Engenho, em Pirajuí (58 quilômetros de Bauru).

A iniciativa partiu do presidente da GPB, Oswaldo Furlan Júnior, em conjunto com os associados e produtores do ramo. “É um evento de alto nível e voltado para quem busca informação de qualidade”, afirmou Furlan ao JC. "Mais do que isso, é um projeto de Brasil", completa.

O 2.º Encontro da Pecuária, como foi denominada a idealização, começou às 8h deste sábado e se estendeu até o período da tarde. Pela manhã os primeiros a subirem aos palcos foram Roberto Barcellos, Marco Tulio Duarte Soares, Pompilho Roseli e Valéria Guimarães. Coube a Renata Branco a mediação do debate que abriu o evento.

Engenheiro agrônomo, Barcellos ressaltou a importância da sustentabilidade para a agropecuária. “Somos talvez o único País que reúne condições necessárias para otimizar a produção. Isto é: produzir mais no mesmo espaço. Temos recursos para isso e este é o caminho para integrar a lavoura e a pecuária”, defendeu.

Ele comentou também as diferenças entre o tipo de carne vendida para o mercado interno. “Temos dois tipos de consumidores. O primeiro envolve o do dia a dia, que compra a carne para a semana. O segundo é o churrasqueiro, que compra por prazer”, explicou.

Segundo Barcellos, pecuaristas têm de se atentar para essa diferença no consumo no momento de se vender o alimento.

“Não podemos vender a mesma carne para os dois casos. Aquele que compra o alimento por prazer tem preferência por algo mais elaborado, uma gordura mais saborosa. Daí a diferenciação.  O consumidor do dia a dia costuma tirar a gordura, por exemplo”, pontuou.



O tema “sustentabilidade” também foi abordado por Pompilho Roseli, empresário do ramo pecuário. “Eu não sei o custo [de ser sustentável], mas sei dos ganhos. Quem não pratica sustentabilidade não tem retorno, não tem resultado”, observou.

Segundo ele, o bem-estar do animal é questão crucial para a categoria. “Plantamos mais de 9 mil eucaliptos na nossa área para garantir conforto térmico ao gado. Isso traz melhoria na produção e no sabor”, conta.

Marco Túlio Soares trabalha no ramo há 30 anos e se especializou em melhoramento genético. Proprietário de uma fazenda no Sul do estado de Mato Grosso, ele celebrou resultados recentes que obteve.

“Conseguimos melhorar o nelore. Deixar a carne melhor. Tudo isso com o mesmo desempenho. Hoje produzimos com uma eficiência 8,5 vezes maior do que a média nacional”, comemorou.

Outro aspecto importante, ressaltou Túlio, é a valorização dos colaboradores. “Dos 30 funcionários que temos, 17 se formaram em alguma universidade. Isso é qualificação, emprego qualificado. Gera renda, riqueza”, disse.

A segunda roda de conversa subiu ao palco por volta das 11h e reuniu importantes nomes da categoria para discutir a conjuntura político-econômica da agropecuária e as perspectivas a curto e longo prazo.

Participaram do debate, mediado pelo jornalista Augusto Nunes, o deputado estadual Lucas Bove (PL), os deputados federais Pedro Lupion (PP), Ricardo Salles (PL), o pesquisador da Embrapa Evaristo Miranda e o secretário executivo de Agricultura do governo estadual, Edson Alves Fernandes.


Primeiro a discursar, Evaristo lembrou das diferenças conferidas à categoria no Brasil na comparação com outros países. “Aqui a gente reduziu em 90% a exportação de gado em pé. Na Europa isso não aconteceu”, criticou.

Lupion, que é líder da bancada ruralista na Câmara dos Deputados, criticou a política do governo federal para o agronegócio e lamentou o resultado negativo registrado no início do ano com a quebra de safra em virtude da seca. “Alertamos o governo sobre isso no ano passado, pedimos apoio, mas infelizmente não obtivemos resposta”.

Salles, por sua vez, também contestou a política federal sobre o meio ambiente e ressaltou seu papel enquanto ministro da gestão Jair Bolsonaro (2018-2022). “A Frente Parlamentar da Agropecuária, da qual faço parte, tem conseguido barrar projetos ruins do atual governo”, lembrou.

Lucas Bove, enquanto isso, foi taxativo ao abrir a conversa. “Me orientaram a cumprimentar as maiores autoridades aqui primeiro. Então bom dia, pecuaristas”, declarou.

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