O reconhecimento, assim como qualquer sentimento, pode ser interpretado como um aspecto do caráter, um estado de espírito ou uma reação emocional. Quando considerado como um traço pessoal, ele se evidencia como uma tendência a expressar gratidão diante das gentilezas alheias em momentos positivos e nas conquistas alcançadas. Ao contrário do otimismo, que aguarda resultados positivos futuros, a gratidão concentra-se em reconhecer os resultados já obtidos. Além disso, pode ser encarada como nossa resposta a um "presente", independentemente de sua natureza.

Os métodos utilizados em pesquisas para mensurar a gratidão auxiliam na compreensão mais aprofundada do seu cerne significativo. Essas abordagens se concentram na valorização das coisas; na frequência com que experimentamos esse sentimento ou na análise ao longo do tempo. Outras questões que refletem essa valorização podem estar relacionadas ao encantamento ou à apreciação das coisas simples da vida.

Em 1 Tessalonicenses 5.18, encontramos a seguinte instrução: "Em tudo, em todas as circunstâncias, dai graças". Este versículo, juntamente com muitos outros no Novo Testamento, parece sugerir não apenas um momento específico, mas sim uma disposição contínua do coração. Como cristãos, somos chamados a isso, independentemente das circunstâncias. Na mensagem bíblica, aqueles que confiam em Deus têm motivos suficientes para expressar gratidão em todas as situações, mesmo durante os momentos de adversidade.

No entanto, estamos vivendo em uma época peculiar: a era das redes sociais. Neste cenário, surge a questão de como podemos expressar gratidão em um mundo onde somos constantemente expostos ao que os outros têm e nós não. A comparação social, tão presente nas redes, nos leva a utilizar os outros como parâmetro para avaliar nossa própria vida, alimentando uma tendência conhecida como 'orientação de comparação social'. Curiosamente, aqueles com uma alta orientação de comparação social tendem a ser os que mais utilizam as redes sociais. Por outro lado, uma menor orientação nesse sentido está associada a uma propensão natural para sentir gratidão ao longo do tempo e em diversas situações. Parece que as pessoas mais gratas encontram uma maneira de aceitar a si mesmas não negando as dificuldades, mas valorizando aquilo que têm e são.

As raízes da gratidão podem ser identificadas em diversas tradições religiosas ao redor do mundo. Nas principais religiões monoteístas, como o Cristianismo e o Judaísmo, a gratidão está presente em textos sagrados, ensinamentos e práticas de oração. Nessas tradições, Deus é frequentemente retratado como o provedor supremo, e os fiéis expressam sua gratidão reconhecendo os favores divinos em suas vidas. Por meio desse reconhecimento, os fiéis respondem de maneira apropriada, cultivando e mantendo um sentimento de gratidão.

Atualmente, a cultura da imediatez e a busca incessante pela autoafirmação parecem dificultar o cultivo da gratidão. Com frequência, podemos sentir que não há necessidade de expressar gratidão, pois consideramos que os outros estão apenas cumprindo suas obrigações para conosco. Essa mentalidade também se estende à nossa relação com Deus, questionando se as bênçãos recebidas são apenas o mínimo esperado. Contudo, a prática da gratidão está intrinsecamente ligada à humildade e à apreciação do que temos e somos. Apesar disso, essa atitude muitas vezes escapa à natureza humana. Vale ressaltar que a Bíblia também associa a gratidão ao perdão.

Em uma era marcada pela insatisfação, na qual constantemente ansiamos por mais, a ciência da gratidão emerge como uma ferramenta valiosa. Como cristãos, ela nos auxilia a cultivar a disposição para expressar gratidão por meio de práticas intencionais e específicas de agradecimento; nesse sentido, a teologia bíblica nos proporciona uma compreensão mais profunda do porquê devemos ser gratos, enraizando essa prática em uma perspectiva espiritual e moral.

Nos momentos de bonança, o cristão expressa gratidão pelas bênçãos recebidas, reconhecendo a bondade de Deus. Nos momentos de adversidade, ele continua grato a Deus, sobretudo pela pessoa bendita e pelo sacrifício eterno de Jesus. Nesse contexto, a gratidão cristã pode ser compreendida como a disposição de reconhecer a dádiva suprema de Deus ao enviar Seu filho como esperança ao mundo, independentemente das circunstâncias do hoje. Mesmo diante do sofrimento inesperado, é possível encontrar consolo na presença divina, manifestada nos pequenos gestos do cotidiano: no café da manhã, na oportunidade do banho revigorador, no sorriso da criança, no apoio de um amigo, em um abraço maternal, na esperança da eternidade. Em cada detalhe dessa vida, Deus se faz presente, lembrando-nos de sua constante proximidade e amor incondicional. Portanto, cultivemos a gratidão em cada momento!

IGREJA BATISTA DO ESTORIL
61 anos atuando Soli Deo Gloria