VÔLEI FEITO EM CASA

Entrevista da semana: Wellington Luiz Pani (Costinha)

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Guilherme Matos
Wellington Luiz Pani, o 'Costinha'
Wellington Luiz Pani, o 'Costinha'

Uma das filosofias do Sesi Vôlei é a formação de atletas nas categorias de base para composição da equipe adulta. E este DNA do clube começa a ser fortalecido agora, em um trabalho sob liderança de Wellington Luiz Pani, 42 anos, na função de coordenador de desenvolvimento esportivo do Sesi Voleibol Masculino, assumida recentemente.

Conhecido como "Costinha", apelido que ganhou na infância devido ao nariz pronunciado, em alusão ao humorista de mesmo nome, ele será responsável por estruturar diretrizes para que um número maior de alunos das escolas de vôlei do Sesi no Estado, dentro do programa Atleta do Futuro, possam chegar à base e à equipe principal. Atualmente, 85% dos atletas adultos vieram das divisões mais jovens, tais como Darlan, Lukas Bergmann e Thiery.

Em Bauru desde maio de 2020, Wellington também foi supervisor da base e equipe principal feminina. Formado em educação física com pós-graduação em administração e marketing esportivo, ele nasceu em Botucatu, onde ingressou nos quadros do Sesi.

Com os pais, José Luiz e Lourdes Pani, diz ter aprendido valores como retidão, responsabilidade e comprometimento, que o ajudaram a evoluir na carreira. São princípios que ele busca, agora, transmitir ao filho Giovanni, 5 anos.

Nesta entrevista, Wellington conta sua trajetória, fala sobre o projeto socioesportivo Associação Polo Cuesta de Vôlei, que ajudou a fundar, celebra a ajuda que recebeu de profissionais ao longo da carreira e revela bastidores do seu mas novo desafio.

JC - Você nasceu e viveu em Botucatu antes de vir para Bauru?

Wellington - Sim e, desde garoto, fui incentivado a praticar esportes na escola em que estudava, o Dom Lúcio, onde aprendi a jogar vôlei. O Dom Lúcio tinha notoriedade no atletismo nos jogos estudantis municipais e estaduais e fui competir salto em distância. Com 12, 13 anos, fiquei em primeiro lugar nos Jogos Estudantis de Botucatu e, com isso, o Dom Lúcio foi campeão geral da competição. Esse sentimento de vitória me contagiou, fui jogar vôlei no mesmo campeonato e fomos medalha de ouro. Depois, joguei no amador, em Jogos Abertos, Jogos Regionais, para Botucatu, Lençóis Paulista e Jaú, e nunca mais deixei o vôlei.

JC - A partir dessa experiência, decidiu cursar educação física?

Wellington - O curso abriu um leque de possibilidades. No terceiro ano, fui fazer estágio no Sesi Botucatu e organizei jogos, campeonatos, festas para as indústrias, recreação. Transitei em vários mundos da educação física e aprendi bastante. Quando me formei, a Associação Atlética Ferroviária, primeiro clube em que joguei vôlei, estava sob coordenação do meu antigo professor, Roberval Pizano, que me chamou para trabalhar como professor de vôlei. Lá, montei turmas até o sub-21 de vôlei feminino, que representaram Botucatu em Jogos Regionais, Jogos da Juventude.

JC - Como surgiu a oportunidade de atuar no Sesi?

Wellington - Um ano depois, fiz o processo seletivo para professor técnico de esportes e lazer do Sesi Botucatu e fui aprovado, em 2006. Fiquei um ano e meio simultaneamente na Associação Ferroviária e saí quando minha carga horária aumentou no Sesi. Lá, trabalhei com futsal nos primeiros dois anos e incuti o vôlei, por meio do programa Atleta do Futuro. E tive dois pais de profissão, que me ensinaram muito: o Jose Artêmio Montanha, à época coordenador de esportes, e o Jader Serni, hoje diretor regional do Sesi. Fiquei muito tempo como professor e fui fazer pós em administração e marketing esportivo.

JC - O que o motivou a fazer essa especialização?

Wellington - Em 2008, um grupo de professores amantes do vôlei, eu incluído, fundou a Associação Polo Cuesta de Vôlei, um projeto socioesportivo que funciona até hoje em Botucatu com recursos públicos e atendeu mais de 900 crianças só em 2023. Fiz a pós pensando em otimizar a entidade, além de alçar voos mais altos no Sesi. Em 2016, assumi como orientador de esportes do Sesi Botucatu, onde gerenciei questões técnicas de jogos, atividades recreativas, aulas de academia. Em 2018, fui promovido a coordenador de qualidade de vida e passei a coordenar, além do esporte, também cultura, responsabilidade social e serviços de saúde e segurança do trabalho a empresas. Nesse tempo, o Jader tornou-se diretor da unidade e, juntos, alcançamos excelentes resultados, elevando bem os números de lá.

JC - Em que momento foi chamado para atuar em Bauru?

Wellington - Com a pandemia, o Sesi precisou reduzir o quadro de funcionários. Nesse rearranjo, assumi como coordenador de relação com a indústria e o mercado no Sesi de Bauru. Quando as atividades foram sendo retomadas, em 2021, tornei-me supervisor de operações: administrava as categorias de base do vôlei feminino e, junto com a Associação Vôlei Bauru, a equipe adulta feminina. E, na temporada 2021/2022, ficamos em terceiro lugar na Superliga e fomos campeões da Copa Brasil, Supercopa e Campeonato Paulista. Com a migração do vôlei masculino a Bauru, passei a ser supervisor destas equipes: adulta e sub-21, em Bauru, e sub-19 e sub-17, em Jaú.

JC - Qual é o principal desafio como coordenador de desenvolvimento esportivo?

Wellington - Além das categorias de base e adulto, trabalho com as unidades do Sesi que possuem escolas de vôlei dentro do Atleta do Futuro, que têm alunos de 9 a 17 anos. Agora, metodologias, diretrizes, agendas de competições, eventos e a capacitação dos professores ficam sob minha liderança. O objetivo é identificar talentos e fazer um bom trabalho com eles nas unidades para que possam ser trazidos à base e, assim, compor a equipe adulta com 100% de atletas 'pratas da casa', além de formar atletas de alto rendimento para o Brasil. É uma filosofia do Sesi que está sendo fortalecida agora, por meio da unificação deste trabalho de ponta a ponta. Já os que não forem elegíveis para estar na equipe poderão ter no esporte um instrumento de qualidade de vida e transformação social.

Wellington (o segundo à direita) com equipe técnica e jogadores na Superliga 2023/2024


Wellington entrega taça de Campeão Paulista 2023 Sub-21 ao time masculino de vôlei do Sesi-SP


Com o filho Giovanni, 5 anos

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