COLUNISTA

Olhemos para frente

Por Hugo Evandro Silveira |
| Tempo de leitura: 4 min
Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

A superação do passado representa um desafio que se estende tanto às experiências positivas quanto às negativas. Algumas pessoas têm a tendência de permanecer nesse terreno pretérito, revisitando momentos marcantes. Embora recordar seja saudável, fixar-se no passado pode ser prejudicial. A vitalidade do presente é crucial, reconhecendo que o futuro reserva oportunidades inexploradas. Ao confiar no sobrenatural de Deus, podemos percorrer nosso caminho com confiança, pois Ele detém o amanhã em Suas mãos.

Imaginemos a vida como um carro em movimento: o passado, refletido no espelho retrovisor, é diminuto em comparação com o vasto para-brisa à frente, simbolizando o presente e o futuro. O passado é um memorial do que superamos, não o foco dos nossos olhos. O presente perpetua-se em movimento, conduzindo-nos ao porvir.

Independentemente de o passado ser enriquecedor ou desafiador, um horizonte amplo estende-se diante de nós. Deus guia nossas vidas, revelando novas oportunidades. Faço um convite para ajustarmos nossa perspectiva, reconhecendo a relevância do passado, mas vivenciando intensamente o presente, cientes de que o novo está prestes a desabrochar.

Por meio do profeta Isaías, Deus proclama: "Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não percebem? Até no deserto, vou abrir um caminho e riachos no ermo" (Isaías 43.18,19). O poder libertador de Deus é vasto, e Ele realiza feitos novos que transcendem o passado.

Apesar dos infortúnios, recordemos que, para Deus, o tempo é relativo. Paulo aconselha em 1 Tessalonicenses 5.16-18: "Alegrai-vos sempre, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para vós". A alegria, a oração e a gratidão em todas as circunstâncias caracterizam quem olha para frente, não permanecendo estático no passado.

O verdadeiro cristão deposita confiança no futuro e na esperança eterna prometida por Cristo. Paulo exorta os Romanos: "Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração" (Rm 12.12). As provações são efêmeras, e a verdadeira alegria cristã reside na confiança em Jesus, que sofreu, ressuscitou e prometeu a mesma glória aos redimidos.

O apóstolo Pedro também nos convida a olharmos para frente. Em 1 Pedro 1.3 destaca-se a concessão aos cristãos de "uma viva esperança" por meio da ressurreição de Jesus Cristo. Nesse contexto, a esperança mencionada por Pedro difere do desejo vago associado à palavra hoje. Não se trata do tipo de esperança expressa em desejos como "Espero que não chova" ou "Espero que dê certo". Pedro refere-se a uma esperança específica e convicta. O termo grego para "esperança" nesta passagem implica uma expectativa confiante. Ao contrário da esperança vazia do cotidiano, essa esperança é revigorante, vivaz e permeia a alma do quem crê. Ela é expectante e contínua, afinal origina-se de um Salvador vivo e ressurreto, sendo Jesus Cristo a própria essência dessa esperança viva.

Ao dirigir-se aos cristãos enfrentando perseguições, Pedro busca encorajá-los a olhar para frente, assegurando-lhes que o futuro está seguro devido à ressurreição de Jesus Cristo. A esperança deles repousa na vitória de Cristo sobre a morte e em Sua vida ressurreta. Assim, qualquer sofrimento enfrentado neste mundo não se compara às bênçãos do futuro eterno. Essa esperança viva tem raízes no passado, pois Jesus ressuscitou dos mortos, mantém-se no presente, visto que Jesus está vivo, e estende-se para o futuro, com a promessa de vida eterna e ressurreição. Isso capacita-nos a enfrentarmos o sofrimento e as provações na vida presente sem desespero, como afirmado em 2 Coríntios 4.16-18.

Essa esperança viva é ancorada no passado pela ressurreição de Jesus, permanece no presente com a vida de Cristo e perdura para o futuro por meio das promessas eternas de Jesus. O objeto dessa esperança é descrito como "uma herança que não pode ser destruída, que não fica manchada, que não murcha e que está reservada nos céus para vocês" (1 Pedro 1.4). Essa herança é segura, intocada pela morte, imaculada pelo mal e imune ao tempo, sendo preservada por Deus no céu. Assim, a esperança viva dos crentes é uma esperança substancial, ancorada na obra redentora de Jesus Cristo. Como Ele sofreu e ressuscitou, somos assegurados da mesma vitória. A alegria em períodos difíceis não é um rito vão, mas sim seguir o exemplo de Jesus. Os cristãos podem alegrar-se em meio ao sofrimento por causa de Jesus, que garante uma alegria futura aos redimidos. Olhemos para frente imbuídos dessa esperança viva.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

61 anos atuando Soli Deo Gloria

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