COLUNISTA

'Segui-me e eu vos farei pescadores de homens'

Por Dom Caetano Ferrari | 20/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Bispo Emérito de Bauru

Neste terceiro domingo do Tempo Comum, São Marcos no Evangelho da santa Missa - Mc 1,14-20 - diz rapidinho que João Batista fora preso. Depois, ele deu início à longa narrativa da vida pública de Jesus. Então, conforme ele escreve, Jesus foi para a Galiléia e começou aí neste lugar e momento a pregar o Evangelho de Deus, dizendo: "O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Em vista dessa novidade, Jesus concluiu seu anúncio inicial, fazendo uma forte chamada a todos: 'Convertei-vos e crede no Evangelho!'"

Consequentemente, São Marcos escreve que Jesus passou a convidar auxiliares para ajudar nessa sua missão de evangelizar. Ele vai narrando que Jesus, passando pelo Mar da Galiléia, viu os irmãos Simão e André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores, e lhes disse: "Segui-me e Eu farei de vós pescadores de homens." Deixando imediatamente as redes, eles seguiram a Jesus. Um pouco mais adiante, Jesus viu outros dois irmãos, Tiago e João, filhos de Zebedeu, que estavam consertando as redes, e logo os chamou também: Eles deixaram o pai com os empregados e partiram a seguir a Jesus.

Em resumo, São Marcos acentua que Jesus, ao entrar na cena da vida pública e iniciar a sua atividade apostólica começou pregando o Evangelho de Deus, pondo em destaque três pontos. Primeiro, o núcleo central do seu Evangelho que é: "O tempo se completou e o Reino de Deus chegou." Segundo, a primeira consequência prática para todos, a saber: "Convertei-vos e crede no Evangelho." Terceiro, o chamado de pessoas para ajudar nessa missão que começou com a vocação dos primeiros discípulos: "Vinde após mim e vos farei pescadores de homens." Estes pontos articulam o projeto do Reino de Deus, núcleo central do Evangelho, o qual, anunciado por Jesus no tempo (depois da prisão do Batista) e no espaço (Galiléia), trouxe ao mundo a alegria do conhecimento de Jesus e da possibilidade do encontro com Ele, e a todos o convite à adesão a Jesus mediante a fé e a conversão no pensar e agir por causa do Evangelho e ao seu seguimento como discípulos para segui-Lo aonde for e, dentre estes, "apóstolos para ficarem com Ele e serem pescadores de homens". As palavras "alegria, fé e seguimento" são palavras chaves que se articulam desde a entrada em cena de Jesus na vida pública e o primeiro anúncio da "Boa Nova do Reino de Deus."

Jesus vai dizer que o Reino de Deus que já chegou alcançará a sua plenitude na vida eterna. O Reino de Deus neste mundo é um projeto real e concreto, mas em construção. Por exemplo, os bens do Reino como fé, esperança, caridade, justiça, compaixão, fraternidade, progresso, paz etc. são sementes germinando e plantas produzindo frutos, mas que devem ser cultivadas e desenvolvidas até cobrirem toda a face da terra rumo ao novo céu e à nova terra, o Reino de Deus pleno e eterno. Jesus dedicou toda a sua vida terrena para deslanchar a implantação do Reino de Deus, uma sociedade organizada conforme Deus quer, na qual Ele é tudo para todos. A fim de realizar esta magnífica e extraordinária tarefa, Jesus procurou, desde o início, chamar colaboradores para auxiliá-Lo. E continua a fazê-lo na história ainda hoje.

Os fiéis cristãos leigos e leigas, por meio dos carismas, serviços e ministérios recebidos da efusão do Espírito Santo pelo Batismo e a Crisma e sustentados pela Eucaristia, se apresentam, verdadeiramente, capacitados para a vida de comunhão e participação na Igreja e a atuação eficaz na sociedade. A Igreja afirma que a construção da cidadania, no sentido mais amplo, e a construção de eclesialidade, é um só e único movimento e levam os cristãos leigos à comunhão e participação na Igreja e à presença ativa no mundo (Cf. Documento de Aparecida, n.164). Por isso, os cristãos leigos devem "transitar do ambiente eclesial ao mundo civil para somar com todos os cidadãos de boa vontade na construção da cidadania plena para todos" como conclusão lógica do ensinamento de Jesus: 'Vós sois o sal da terra, a luz do mundo e o fermento na massa' (n. 166).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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