COLUNISTA

A cosmogonia determina o comportamento

Por Hugo Evandro Silveira | 14/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

No início desta reflexão, é essencial destacar a natureza relativa da verdade na pós-modernidade e a questão crucial que se apresenta: o que determina a verdade para cada pessoa? Para abordar essa questão, é necessário compreender a Cosmogonia, um termo filosófico que explora os princípios relacionados à origem e ao surgimento do universo. O entendimento particular da Cosmogonia molda a Cosmovisão de um indivíduo, que é a forma como este enxerga e compreende o mundo, regulando assim o seu comportamento. Logo, a cosmovisão de alguém se torna o fator determinante da verdade para essa pessoa, sendo moldada pela Cosmogonia que ela adota. Portanto, a verdade é influenciada pela Cosmogonia assumida, gerando uma Cosmovisão específica para cada assunto, transformando o conceito associado a essa posição em uma verdade absoluta para o indivíduo.

Dentro do campo da Cosmogonia, destacam-se duas posições opostas: o Criacionismo, que atribui a existência a um Deus criador, um design inteligente, e a Evolução, que considera tudo como resultado do acaso, onde o universo surge do nada. Essas Cosmogonias levam a duas cosmovisões distintas que exercem influência absoluta sobre todas as ações na vida do indivíduo. Os Criacionistas acreditam em um design inteligente e em um propósito moral na vida. Trata-se de uma cosmovisão que transcende a tradição judaico-cristã por ser uma cosmovisão universal em todas as civilizações. Essa cosmovisão crê em uma vida carregada de significado e regras de funcionamento, associando-a a um manual de funcionalidade e finalidade, que se reflete numa vida com propósito moral. Os Evolucionistas, por outro lado, veem a existência como fruto do acaso, sem um propósito definido e, consequentemente, sem regras morais. Nessa cosmovisão, a vida não possui planejamento em sua base existencial, a evolução, pois decorre do acaso, não há propósito, não tem sentido nem significado. Isso leva a uma estrutura amoral, onde não se crê numa entidade que regule a verdade. Filosoficamente, na Cosmogonia Evolucionista, não existem regras morais; cada indivíduo faz o que quer com sua vida, e as circunstâncias e conveniências sociais determinam o que é certo ou errado, validando decisões e relacionamentos. Assim, a pessoa construirá sua vida conforme sua cosmogonia, buscando satisfazer suas vontades em uma existência resultante do nada. Jean-Paul Sartre, filósofo e escritor francês, é citado como um exemplo proeminente dessa perspectiva.

A cosmovisão Criacionista encontra evidências na experiência diária e no senso inato de moralidade, fundamentando-se na ideia de um Legislador Moral, ou seja, Deus. Em contraste, a cosmovisão Evolucionista, baseada na filosofia de existência e o nada, sustenta a ideia de que a vida, obra do acaso, é construída conforme as vontades individuais, sem uma base moral objetiva.

Para aqueles que afirmam crer em Deus, é coerente desenvolver uma cosmogonia criacionista com toda a sua cosmovisão inerente. A evidência de Deus é percebida nas experiências humanas diárias (Romanos 1.19,20; Salmo 19.1; Eclesiastes 3.11), incluindo o senso inato de moralidade derivado do Criador do universo que nos cerca. A vida humana instiga a crença de que a verdade, o engano, o amor, o ódio, a bondade, o mal, entre outros, são reais e significativos. Ao longo da história, a maioria esmagadora das pessoas inclinou-se a acreditar em uma realidade maior do que a física, sugerindo que a explicação mais razoável para o pensamento e compartilhamento de ideais morais deriva de uma lei moral real fornecida por um legislador moral, ou seja, Deus, o Eterno.

A conclusão da argumentação enfatiza que, se Deus não existe, não há fundamentos morais para o comportamento humano, faltando valores ou ordenações que legitimem nossa conduta. Nesse contexto, não há justificativas morais para nossas ações, e estamos sós, entregues à libertinagem, sem desculpas - o ser humano pode validar toda as suas depravações indecentes sem temor na transcendência. Contudo entendo que seja necessária mais fé para crer na cosmogonia evolucionista do que na criacionista. Aceitar a existência de Deus não é um salto de fé cega na escuridão, mas um passo confiante em direção a uma compreensão de existência iluminada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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