OPINIÃO

A Grande Bênção para o Ano Novo

Por Dom Caetano Ferrari | 31/12/2023 | Tempo de leitura: 4 min

Bispo Emérito de Bauru

Neste domingo, último dia do ano, estamos na oitava do Natal. Portanto, é em clima natalino que celebramos na Liturgia deste domingo a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Esta é a mensagem: Jesus nasceu e cresceu no seio de uma família humana. E essa mensagem é sumamente importante. Deus mesmo está a valorizar a família, porque quis que o seu Filho, Jesus, fizesse parte integrante essencial como todo filho o é de toda e qualquer família humana, e tivesse um lar para morar. O paradigma divino que Deus traçou para toda família tem que ter pai, mãe e filho. Principalmente porque o lugar essencial do nascimento e do desenvolvimento da vida humana é, segundo o plano de Deus, a família que se funda sobre o amor do homem e da mulher, Deus quis fazer-se humano desde o modo como os humanos vêm a este mundo. Ora, não havendo neste mundo lugar mais digno do que a família para o surgimento da vida humana, o Pai desejou e decidiu traçar este caminho para o seu Filho vir ao mundo, devendo nascer e viver em família, tendo mãe e pai humanos, e demais familiares e parentes, como avós, tios e primos. O Evangelho da Missa deste domingo mostra Maria e José levando Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-Lo ao Senhor - Lc 2,22-40. É a Sagrada Família que, como toda família judaica observante da lei, dirigiu-se também ao templo, portando em mãos a oferta de um par de pombinhos como sacrifício, para cumprir a lei que ordenava que todo primogênito masculino devesse ser consagrado ao Senhor. Lá se encontrava o velho Simeão, homem justo e piedoso que esperava a consolação do povo de Israel; ele recebeu Jesus, Maria e José, abraçando-os afetuosamente.

No primeiro dia do novo ano civil, encerrando a oitava do Natal, a Igreja celebra a solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria. Maria é a abençoada por Deus, a bendita entre todas as mulheres, cujo fruto do seu ventre, Jesus, é bendito. O Evangelho lido na santa Missa deste primeiro dia do Ano Novo é de Lucas 2,16-21. São Lucas relata que os pastores acorreram às pressas ao presépio de Belém e apresentaram as suas homenagens e presentes ao recém-nascido deitado na manjedoura. Maravilhados, contaram a Maria e José como os anjos lhes apareceram durante a noite e lhes falaram sobre o menino. Depois, os pastores voltaram para o seu trabalho. Lucas, a seguir, registrou que, quando se completaram os oito dias para a circuncisão do Menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo Anjo antes de ser concebido.

Naturalmente, a mensagem do Ano Novo é de paz. A paz é o dom divino, o presente que o Senhor trouxe no Natal para a humanidade. Que a paz do Senhor se estenda por todo o ano que ora começa! Na primeira leitura da Missa é lida a passagem de Números 6,22-27, anunciando a bênção do Senhor. Assim o Senhor falou a Moisés, dizendo: "Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: 'O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz"! Jesus veio estender esta paz ao novo Israel, aos cristãos e a toda a gente de boa vontade.

Na sua mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2024, o Papa Francisco abordou o tema da Inteligência Artificial, a fim de expressar os seus votos de paz a toda gente. Com base na Palavra de Deus e nos Documentos da Igreja, o Papa destacou inclusive como caminho para a paz o progresso da ciência e da tecnologia. Mas chamou a nossa atenção, dizendo que: "Por isso temos o dever de alargar o olhar e orientar a pesquisa técnico-científica para a prossecução da paz e do bem comum, ao serviço do desenvolvimento integral do homem e da comunidade". Na questão das armas destacou as questões éticas, lembrando o fundamento da Sagrada Escritura que nos propõe "transformar as espadas em arados para lavrar a terra". Concluindo, o Papa espera que a sua reflexão "encoraje a fazer com que os progressos no desenvolvimento de formas de inteligência artificial sirvam, em última análise, a causa da fraternidade humana e da paz... que contribua para pôr fim às guerras e conflitos e para aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a família humana... Possam os fiéis cristãos, os crentes das várias religiões e os homens e mulheres de boa vontade colaborar harmoniosamente para aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios colocados pela revolução digital, e entregar às gerações futuras um mundo mais solidário, justo e pacífico". Abençoado Ano Novo!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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