Alinhadores dentários são aparelhos ortodônticos invisíveis pela transparência e ausência de metais. São trocados em períodos pré-determinados a partir de um planejamento realizado por computadores e profissionais das empresas que os confeccionam e os enviam para o clínico instalar na boca do paciente, a maioria ortodontistas.
Os motivos para a adesão a este tipo de tratamento ortodôntico é a estética mais favorável, o conforto do uso e a possibilidade de remover assim que achar necessário. Os aparelhos ortodônticos fixos, o paciente não consegue tirar, enquanto os alinhadores são removíveis. Como estamos em uma democracia e um sistema econômico capitalista, ao paciente são oferecidas as duas opções e ele decide. Em alguns casos, o aparelho, necessariamente, deve ser fixo.
Se o paciente opta pelo aparelho ortodôntico fixo, em cada volta mensal ao profissional, o paciente é avaliado e o aparelho reativado ou adaptado ao seguimento do caso clínico. Além dos cuidados usuais com o aparelho instalado, o paciente não vai interferir significantemente nos resultados, visto que o aparelho é fixo.
O paciente que optou pelo uso de alinhadores invisíveis, a volta ao consultório está associada a troca por outro aparelho já planejado desde o início do tratamento. Além dos cuidados usuais com o aparelho instalado, o paciente pode interferir grandemente nos resultados, visto que é removível e o tempo fora da boca pode ser determinante para se ter bons resultados. Por quê?
EXPLICAÇÃO
Para ativar e mobilizar as células que reabsorvem o osso durante a movimentação dos dentes, chamadas de osteoclastos, se requer no mínimo 10 horas, muito embora outras pesquisas sugiram que este tempo seja um pouco maior. Sem os osteoclastos, não tem o movimento dentário efetivo. Este fenômeno é conhecido, há décadas, como “Teoria das 10 horas de Andrews”.
Funciona assim: colocou aparelho, demora-se 10 horas no mínimo, para os osteoclastos iniciarem a reabsorção óssea. Antes disto, o dente comprime o ligamento periodontal, uma membrana de tecido mole de 0,25mm de espessura, que recobre as raízes dentárias e a interage com o osso. Neste período, o osso deflete ou se deforma, mas ainda sem reabsorção.
Uma vez mobilizados os osteoclastos por 10 horas, os aparelhos removíveis incluindo-se os alinhadores, começam a “funcionar” e não se deve parar a força via aparelho, não importa se fixo ou removível. Se tirar a força por 30 minutos ou mais, as pesquisas revelam que a os osteoclastos terão que ser remobilizados, ou seja, vai ter que recomeçar tudo de novo e serão mais 10 horas no mínimo.
REFLEXÕES FINAIS
Esta explicação é importante para o paciente entender o que está acontecendo se o seu aparelho removível não estiver dando bons resultados. Provavelmente, o alinhador deve ficar períodos superiores a 30 minutos fora da boca e sem ação sobre os dentes e ossos. Se esqueceu de colocar, dormiu sem ele, ou ainda se optou por ir a uma festa ou uma reunião sem o aparelho, quando voltar a usá-lo, serão mais 10 horas no mínimo, para recomeçar a agir. Isto atrasa o processo e dificulta ter bons resultados clínicos e isto deve ser analisado, antes de se colocar a culpa direta no aparelho.
No momento da decisão em usar os alinhadores dentários, o paciente deve estar consciente e considerar a possibilidade de desmobilização e remobilização dos osteoclastos caso fique períodos superiores a 30 minutos sem ação nas arcadas. O resultado será mais rápido e eficiente à medida que o uso continuado for o mais prolongado possível.
Neste mês, em artigo na Revista Clínica de Ortodontia da Dental Press ou Clinical Ortodontics, (v.22, n.5, p.109-16, 2023) explicamos com texto e figuras, os fundamentos biológicos da movimentação ortodôntica nas primeiras 24 horas, independentemente se com ou sem o uso de alinhadores.
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