COLUNISTA

Poucas palavras, muita sabedoria

Hugo Evandro Silveira e-mail hugoevandro15@gmail.com Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

Por Carlos Brunelli | 02/12/2023 | Tempo de leitura: 3 min

O Livro dos Salmos é uma coletânea de cento e cinquenta poemas que eram entoados como música ao som da harpa e do saltério, instrumentos de cordas utilizados à época do Antigo Testamento, no intuito de louvar a Deus. Tanto que sua nomenclatura original Tehilim, em hebraico, é traduzida por "louvores" e, posteriormente, na versão grega por "hinos" ou "cânticos".

Cada um dos salmos foi construído com dedicada engenhosidade poética e de sentimentos, retratando estados espirituais dos salmistas conforme o momento que atravessava a nação de Israel ou o próprio autor. Alguns apresentam estrutura acróstica particularmente interessante, com cada verso ou estrofe sendo iniciada por uma das vinte e duas letras do alfabeto hebraico, em rigorosa ordem sequencial, demonstrando o cuidado do compositor não só de louvar a Deus, mas também em fazê-lo de maneira especial.

Alguns dos poemas eram enlevados pela comunidade nos momentos de adoração ao Altíssimo; outros se constituíam de verdadeira oração a ser executada reverentemente como consciência do poder divino, confiança e reconhecimento de sua soberania sobre a vida humana. Longos - como o Salmo 119 com 176 estrofes - ou menos extensos, reconheciam a fundamental dependência de nós, seres humanos, à vontade e aos desígnios do Todo-Poderoso.

Um desses salmos chama a atenção pela sua brevidade. Trata-se do Salmo 117, composto de apenas duas estrofes, ou versículos na linguagem bíblica. Apesar de curto, esse salmo não economiza em sabedoria, sendo uma instrução declarativa que cada homem ou mulher, em todas as nações, deveria acatar e tomar como regra de compreensão do quanto Deus é absoluto e suficiente. "Louvem o Senhor todas as nações; que todos os povos o louvem! Porque grande é sua misericórdia e sua fidelidade dura para sempre. Aleluia!". Dois versos apenas, mas de uma completude impressionante.

Imagine nosso planeta alguns quilômetros mais perto do Sol; não haveria condições para sobrevivência da humanidade. Alguns quilômetros mais distante e a Terra seria uma imensa bola de gelo. Girasse o globo terrestre mais rápido ou mais lentamente e as águas não se comportariam nos mares. Independente de latitude e longitude, todos os povos deveriam render louvores a Deus pelo seu zelo e perfeição na criação do mundo.

A misericórdia divina também é exaltada no Salmo 117. Para além de seu atual conceito social de obras de piedade e compaixão, no aspecto da deidade tem a conotação de manifestação desse sentimento através do perdão e da graça. Não fosse Deus misericordioso quando quer e já não existiríamos como raça humana, tal a reiterada desobediência a seus preceitos em nosso comportamento. Algumas nações extrapolaram a benignidade divina e experimentaram sua justiça. O que dizer das ruínas a que foram reduzidas as riquezas e suntuosidade palacianas da impressionante civilização babilônica, adoradora do deus Marduk? Ou de como chegou ao fim a prepotência fenícia por dominarem como ninguém técnicas de navegação marítima e atribuírem a fundação de Tiro, sua mais importante cidade, ao deus Melgart? "Quem decretou isso contra Tiro, a cidade cujos mercadores são príncipes e cujos negociantes são os mais nobres da terra? Foi o Senhor dos Exércitos, para abater o orgulho de toda beleza e humilhar os mais nobres da terra" (Isaías 23:9).

Mas a fidelidade do Senhor àqueles que o confessam e adotam como o regente único de suas vidas, ah! essa dura para sempre. Isso era de conhecimento dos israelitas nos tempos antigos e eles assim reconheciam através de outro louvor a Deus, através do Salmo 33: "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu por sua herança".

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

61 anos atuando Soli Deo Gloria

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