CARTA

Vice Orlando também era alvo de Vitorelli, diz hacker

Informação consta de nova carta recebida pela Comissão Temporária da Câmara

Por André Fleury Moraes | 18/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

André Fleury Moraes

Walmir Vitorelli, cunhado da prefeita, durante evento em Bauru
Walmir Vitorelli, cunhado da prefeita, durante evento em Bauru

Numa carta encaminhada ao vereador Eduardo Borgo (Novo), da Comissão Temporária que acompanha as denúncias de monitoramento ilegal contra desafetos do governo Suéllen Rosim (PSD), o hacker Patrick César da Silva Brito admite ter recebido a solicitação para invadir plataformas de outras pessoas do campo político de Bauru, entre os quais o vice-prefeito Orlando Costa Dias (PP).

O pedido teria sido mais uma demanda do cunhado da prefeita Suéllen, o atual tesoureiro do PSD de Bauru Walmir Henrique Vitorelli. Ele já admitiu ter mantido contato com Patrick para "avaliar serviços", mas garante que não sabia das atividades ilícitas em que o profissional estava envolvido.

A carta, escrita a mão e datada de 11 de novembro, chegou à comissão na semana passada. No texto, Patrick responde a 16 perguntas formuladas pelo parlamentar. A intermediação para que a carta chegasse ao Brasil ficou a cargo de seu advogado, de Araçatuba, e o texto já foi juntado no processo da Comissão Temporária na Câmara.

Patrick atualmente está detido na Sérvia num Centro de Detenção de Imigrantes. Ele tinha um mandado de prisão em aberto na Polícia Internacional, a Interpol, e deve sair da cadeia já no mês que vem.

Procurada, a Prefeitura de Bauru afirmou que não vai se manifestar. Walmir Vitorelli, por sua vez, não atendeu à ligação e não respondeu às mensagens enviadas a ele.

Orlando Costa Dias, por sua vez, disse ao JC que "minha relação de amizade e lealdade com a prefeita Suéllen não mudou" e que "existem narrativas sem fundamento e pessoas que mentem descaradamente".

No texto, o hacker responde afirmativamente à indagação se recebeu sondagens para monitorar outras pessoas e diz que "havia o interesse de que eu hackeasse demais vereadores da Câmara para [o Walmir] ter poder de fogo contra eles".

E prossegue. "E também o vice-prefeito Orlando Dias, que é médico por profissão. Segundo o Walmir, eles desconfiavam que o vice tramava contra ela para tomar-lhe o bolsonarismo raiz. Só não fiz isso porque não houve acordo sobre valores, ele queria me pagar muito pouco com a promessa de que sempre teria serviço para mim", destaca.

Patrick conta que só aceitou hackear o jornalista Nelson "Itaberá" e a vereadora Estela Almagro (PT) porque precisava de dinheiro na época. Ele recebeu R$ 1.500,00, de acordo com seu relato e também com um contrato de câmbio anexado no processo.

Na época dos contatos a Câmara de Bauru conduzia a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apurou irregularidades na Fersb, a Fundação Estatal de Saúde de Bauru. Orlando era frequentemente convocado a dar esclarecimentos - e sempre foi solícito com os parlamentares que compunham o colegiado.

REAFIRMOU

Na carta, Patrick também reafirma as denúncias envolvendo a invasão de dispositivos da vereadora e do jornalista - ele chegou a entrar na conta bancária de Nelson, revela.

Patrick também diz que Walmir ressaltou mais de uma vez a ciência da prefeita Suéllen com relação às invasões. Segundo o hacker, "ela não queria falar comigo diretamente, tendo colocado Vitorelli para isso, por ser de confiança dela".

O profissional também destaca que, em certa ocasião, o cunhado confidenciou ter mostrado o resultado dos serviços contra Nelson e Estela à prefeita e ela teria reagido positivamente. "O Walmir me disse que tinha mostrado o material 'hackeado' para a prefeita, tendo ela gostado muito".

A Comissão Temporária criada na Câmara para acompanhar o caso foi aberta no início de novembro, a pedido do vereador Eduardo Borgo (Novo), duas semanas após a revelação do caso.

O colegiado é responsável pela interlocução com a Polícia Civil e o Ministério Público (MP), órgãos de controle externo que investigam as denúncias de espionagem.

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

1 COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.

  • Hugo
    18/11/2023
    Ahhh pagar pouco? Kkkk coisa de Bauru mesmo! Kkkk mesma política geral que todo o comércio adota com o povo: paga pouco! Como as pessoas terão poder de compra? Enfim, tomara que o hacker entregue tudo.