POLÍTICA

Bauru: Câmara pede investigação do Gaeco sobre hacker; Suéllen nega participação no caso

Manifesto de parlamentares bauruense pede apuração com o rigor da lei; prefeita fala em ‘adotar medidas judiciais’

Por Andre Fleury Moraes | 26/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Pedro Romualdo/Câmara de Bauru

Expectativa é de que todos os vereadores assinem o texto até o final da tarde de hoje
Expectativa é de que todos os vereadores assinem o texto até o final da tarde de hoje

Uma representação assinada por 12 vereadores de Bauru até o início da noite desta quarta-feira (25) vai pedir ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público (MP) Paulista, que apure as denúncias de que o cunhado da prefeita Suéllen Rosim (PSD), Walmir Henrique Vitorelli Braga, teria contratado um hacker para monitorar desafetos do governo em 2021.

O texto foi esboçado ainda ontem e diz que há evidências de que o parlamento municipal está sob ataque. A expectativa é de que todos os vereadores subscrevam o documento até o final da tarde desta quinta-feira (26). "Os episódios apresentados ultrapassam a relação de antagonismo ideológico inerente à prática republicana do convívio político, emergindo em ações que incidem em tipificação penal por ultrapassar a razoabilidade disposta à urbanidade, fato que impõe apuração ao rigor da lei", diz o manifesto.

A representação assinada por vereadores vem dois dias após a revelação do depoimento do hacker Patrick César da Silva Brito, divulgado pelo vereador Eduardo Borgo (Novo) durante discurso na tribuna da Câmara na segunda-feira (23), de que chegou a ser pago para realizar uma devassa na vida privada do jornalista Nélson Itaberá e da vereadora Estela Almagro (PT). O intuito, segundo o próprio hacker, seria "encontrar algo que desabonasse a honra" dos envolvidos.

Também nesta quarta-feira, a prefeita Suéllen Rosim (PSD) quebrou o silêncio e enfim se pronunciou sobre o depoimento do hacker. Foi a primeira manifestação da mandatária desde a revelação do caso, na segunda-feira. Em nota encaminhada à imprensa, Suéllen disse que "nunca teve conhecimento das supostas atividades que foram divulgadas na acusação levantada na última sessão da Câmara Municipal" e afirma que "nunca se envolveu em atos de espionagem".

Ainda na nota, a prefeita destaca que "não tem ciência de nenhuma investigação ou acusação dessa natureza envolvendo a sua pessoa". Por fim, ressaltou Suéllen, "medidas judiciais serão adotadas diante de qualquer insinuação que ligue a mesma a esses fatos". A nota não menciona o cunhado da mandatária. Na segunda-feira, a Prefeitura de Bauru afirmou que não comentaria o caso porque o episódio não tem vínculo institucional com o município.

A vereadora Estale Almagro (PT) informa que estará na Assembleia Legislativa, em São Paulo, nesta quinta, para entregar uma denúncia sobre o caso aos deputados estaduais, já que um assessor de um parlamentar, no caso o cunhado da prefeita, Walmir Braga, é denunciado. O deputado para quem ele trabalha é Paulo Correa Jr. (PSD).

No depoimento à Polícia, o hacker Patrick, contratado, segundo ele próprio, por Walmir Braga, afirma ter encontrado seu virtual contratante por acaso. Um dos policiais envolvidos no suposto esquema de invasões ilegais a dispositivos eletrônicos, Felipe Garcia Pimenta, seria filho do padrasto de Walmir. "No segundo semestre do ano passado, pelo WhatsApp, o senhor Pimenta pediu a minha autorização para fornecer o meu número de telefone celular para um contato dele, que mais tarde eu descobriria se tratar do enteado do pai dele. Eu obviamente autorizei", afirma o relato de Patrick nas mãos da Polícia Civil.

Ele ainda apontou que o telefone de Walmir estava registrado em nome de pessoa jurídica com o CNPJ do PSC, partido que a família Rosim comandava antes da migração para o PSD. Procurado pelo JC na segunda, Pimenta não confirmou e nem desmentiu o grau de parentesco - ele afirmou que não comentaria porque o inquérito está sob sigilo.

Walmir teria se apresentado ao hacker como cunhado da prefeita de Bauru e teria dito que a mandatária estaria "inconformada com a cobertura jornalística do website Contraponto, do senhor Nélson, que também era servidor da Câmara Municipal". Além disso, relatou, a fonte de "tais matérias jornalísticas seria a senhora Estela Almagro, vereadora do PT".

Partidos e entidades manifestaram apoio ao jornalista e à vereadora. O diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) de Bauru afirmou em nota divulgada nesta terça-feira (24) que repudia de forma veemente a perseguição e monitoramento das vítimas.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas também repudiaram o caso e afirmaram que se trata de um cerceamento à liberdade de imprensa.

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1 COMENTÁRIOS

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  • Tati
    26/10/2023
    É isso! Tem que investigar pra prestar contas à população. Aquele hacker já não é confiável por ser corrupto e vender serviços ilegais , mas precisam Investigar tudo!