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Crise econômica da China gera queda das exportações da região de Bauru

País é o principal comprador de carne desta área do Estado, que tem na proteína a maior receita com vendas ao Exterior

Por Tisa Moraes | 19/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

A China é o principal comprador de carne desta área do Estado que tem na proteína, especialmente a bovina, a maior fatia de receita com vendas ao Exterior
A China é o principal comprador de carne desta área do Estado que tem na proteína, especialmente a bovina, a maior fatia de receita com vendas ao Exterior

A crise econômica pela qual a China passa contribuiu para que as exportações da região de Bauru registrassem queda em 2023. O país asiático é o principal comprador de carne desta área do Estado que, por sua vez, tem na proteína, especialmente a bovina, a maior fatia de receita com vendas ao Exterior.

Segundo dados do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), os 25 municípios abrangidos pela regional somaram US$ 1,67 bilhão em exportações no período de janeiro a setembro, decréscimo de 0,8% ante o mesmo período de 2022, que alcançou US$ 1,69 bilhão. A queda, ainda que pequena, foi impactada pela expressiva redução do volume de carne remetido a outros países.

O valor arrecadado com este produto neste ano, até setembro, foi de US$ 308,8 milhões, 41% menos na comparação interanual. O economista Reinaldo Cafeo explica que o resultado negativo é resultado de fatores como a queda do preço da carne e a diminuição da demanda da China.

"Com menor crescimento econômico, o país vem investindo muito no consumo de outras proteínas, como suíno e frango, o que fez com que o preço da carne bovina caísse no mercado interno e externo. E ela é a maior expressão da pecuária regional, que acaba sendo afetada", analisa.

Historicamente, os principais destinos das exportações brasileiras, e da região, são, pela ordem, China e Estados Unidos, países que estão em crise econômica, com inflação e taxa de juros elevadas e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) menor do que anos anteriores. Cafeo explica que, no país asiático, este último índice vinha ascendendo entre 8% e 8,5% ao ano, sendo que a projeção para 2023 é de que fique abaixo de 5%.

"Além disso, a China atravessa uma crise imobiliária e este mercado responde por 25% do seu PIB. A construtora Evergrande está com uma dívida de US$ 300 bilhões, o que criou um problema sistêmico", frisa. Da mesma forma, a Country Garden revelou dificuldades para pagar suas dívidas e o temor é de que haja "um efeito dominó" no país, incluindo outras incorporadoras e instituições financeiras.

Outro fator para a redução da receita com exportações foi a queda do dólar em meados deste ano, no patamar de R$ 4,80. "E o exportador está sujeito aos custos internos crescentes. Neste cenário, ele perde força de exportação e acaba abastecendo o mercado interno", aponta.

Hoje, a China responde por quase um terço das exportações da região (29,9%), seguida por Estados Unidos (20,4%) e Alemanha (3,8%). Já as importações feitas pelos 25 municípios neste ano tiveram origem principalmente na Suécia (23,5%), China (15,3%) e Alemanha (12,4%).

No total, as compras somaram US$ 397,6 milhões, o que corresponde a uma redução de 27% frente ao mesmo período do ano passado (US$ 544,4 milhões). "Maquinários correspondem a um terço das importações regionais e, em valores, houve queda de 33,4% na aquisição deles, o que é preocupante. As principais máquinas que resultam em aumento da produtividade das indústrias são estrangeiras, notadamente as italianas e alemãs. Então, esta queda sinaliza para a falta de apetite do empresário em renovar suas instalações", completa.

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1 COMENTÁRIOS

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  • moises batista silva
    19/10/2023
    A notícia tem o lado negativo que pode influenciar os empregos no território nacional. Porém o valor da carne bovina estava muitíssima cara para o consumo interno. Esta situação de mercado equilibra o valor da proteína no Brasil , sendo mais acessível a população mais carente.